TANZÂNIA : Drogas, sexo comercial e propagação de HIV/Sida

Photo: Stop Addiction  |
Partilha de agulhas não esterilizadas aumenta os riscos de transmissão de HIV |
ZANZIBAR, 27 Setembro 2006 (PlusNews) - Um estudo realizado pelo governo de Zanzibar, ilha semi-autónoma da Tanzânia, demonstra uma conexão entre o abuso de drogas, o sexo comercial e a propagação do HIV/Sida.
“O uso de drogas injectáveis e a partilha de agulhas são comuns entre consumidores de substâncias ilícitas em Zanzibar, o que resulta numa alta prevalência de infecções de origem sanguínea”, diz o estudo.
E mais: “Consumidores de drogas injectáveis poderão constituir um vector da propagação de HIV à população em geral de Zanzibar, e uma intervenção é altamente necessária para prevenir esta propagação”.
Os resultados deste estudo, de 2005, foram apresentados pelo Ministro da Saúde, na Conferência Internacional sobre a Sida, em Toronto, Canadá, em Agosto. Abrangendo 508 consumidores de substâncias ilícitas em Zanzibar, o estudo visava determinar a prevalência do HIV, sífilis e hepatite.
Com uma população abaixo de um milhão e predominantemente muçulmana, a taxa de seroprevalência média de Zanzibar é inferior a um por cento contra os sete por cento da parte continental.
Sexo por droga
“Cerca de 57.7 por cento dos jovens inqueridos trocam sexo em troca de drogas, incluindo sexo oral e anal”, disse ao PlusNews o director de HIV/Sida no Ministério da Saúde e da Assistência Social, Dr. Mohamed Dahoma.
Trinta e nove por cento dos participantes admitem usar drogas intravenosas, dos quais perto de metade partilha agulhas. Dahoma disse que alguns destes jovens gastam até 240 dólares americanos, por mês, na compra de drogas e que as mais usadas são a heroína e a marijuana.
A prevalência de infecções de HIV entre os consumidores de drogas intravenosas é de 30 por cento, comparada aos 12 por cento entre os consumidores de drogas não intravenosas.
A taxa de infecção entre os consumidores de drogas intravenosas que partilham agulhas é seis vezes maior que entre os que não as partilham.
O estudo mostrou que o uso do preservativo não é comum entre os consumidores de drogas. “Mesmo se durante o estudo os jovens queriam que acreditássemos que usavam preservativos, na verdade, factos circunstanciais mostram o contrário”, disse Dahoma.
A pressão dos companheiros, tédio, frustração e falta de emprego são alguns dos factores que contribuem para o uso de drogas.
Dahoma disse que o governo deveria criar mais oportunidades de emprego para os jovens e aumentar a sensibilização sobre os perigos do uso de drogas.
O governo e os pais devem trabalhar juntos no controlo do uso de drogas para reduzir a propagação de HIV/Sida, sugere Dohoma.
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