TANZÂNIA : Camisinha divide clérigos muçulmanos

Photo: AIDS 2006  |
Muçulmanos falham consenso sobre a camisinha |
STONE TOWN, 18 Dezembro 2006 (PlusNews) - Não houve consenso entre clérigos muçulmanos de 25 países da África, reunidos em Zanzibar, na Tanzânia, sobre o uso do preservativo na prevenção do HIV/Sida.
A Rede das Organizações Religiosas Islâmicas Africanas reuniu, em Novembro, para tratar de temas que incluem o HIV/Sida e a violência com base no género, mas não conseguiu um acordo sobre uma estratégia unificada contra o HIV/Sida.
“Nós apoiamos todos os métodos apropriados na prevenção do HIV/Sida. Isto inclui a abstinência, a fidelidade e, se for absolutamente necessário, o uso correcto e sistemático do preservativo entre os casais,” declararam os líderes religiosos, em Março de 2005, no lançamento da rede, em Abuja, Nigéria.
Nessa Conferência, muçulmanos da Nigéria, Senegal e Tanzânia, entre outros, concordaram que deviam transmitir informação sobre o HIV/Sida nos seus sermões e eventos religiosos.
Entretanto, na reunião, muitos clérigos rejeitaram o uso do preservativo partindo do princípio de que ele promove a promiscuidade, principalmente entre os jovens.
“A maioria ainda insiste na ‘não promoção da camisinha’, e acredita na abstinência e fidelidade como meios de prevenção; o preservativo só pode ser usado por casais seropositivos ”, disse a secretária adjunta da rede, Dra Issa Ziddy
Outros participantes dizem que a organização deveria se pronunciar claramente a favor do uso do preservativo na luta contra o HIV/Sida.
Abstinência, fidelidade e camisinha
“Acho que chegou a hora de definir os meios de prevenção. Nós devemos insistir na promoção da abstinência e fidelidade, mas também promover o uso de preservativos para aqueles que não conseguirem respeitar os dois primeiros”, afirmou Ebyan Salah, consultora de género do Governo Federal Transitório da Somália.
“Todos os meios devem ser usados, incluindo a promoção do preservativo,” disse.
O Dr. Hamid Suleiman, da Comissão da Sida de Zanzibar, disse aos delegados que o uso do preservativo não era encorajado pelos clérigos da ilha e que eles não tinham se envolvido directamente na campanha contra o HIV/Sida antes de 2002.
“Felizmente, durante os três últimos anos os líderes muçulmanos de Zanzibar ajudaram muito a controlar a propagação do HIV/Sida”, disse Suleiman. “Já que a maioria da população é muçulmana, a mensagem se transmite facilmente”.
A taxa de prevalência do HIV, ainda relativamente baixa, atingiu os 0.9 por cento, mas em 2002 era estimada em somente 0.6 por cento.
Os trabalhadores de saúde da ilha afirmam que a falta de informação e tendências preocupantes tais como o aumento de uso de drogas injectáveis podem fazer com que a situação na ilha piore se não forem tomadas medidas urgentes.
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Tema(s): (IRIN) Prevenção
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[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas] |
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