SUAZILÂNDIA: Ajudando os órfãos a se ajudarem a si próprios

Photo: WFP/Richard Lee  |
Já perderam os pais, mas não perderão as terras |
LUBOMBO, 31 Maio 2007 (PlusNews) - Nhlanhla Mtsebula, 12 anos, faz parte do crescente grupo de crianças órfãs da Sida na Suazilândia. Entretanto, este jovem tem uma boa razão para se sentir orgulhoso: ele aprendeu a lavrar a terra com ajuda dos bois e, com isso, salvou os campos dos seus falecidos pais.
“A cultura suazi diz que o direito de ocupar a terra depende do uso. Há uma grande pressão pela terra por parte da população, e estes órfãos podem perder as suas casas e a sua herança se não cultivarem as machambas”, explica Lydia Mtembu.
Facilitadora comunitária, como são chamadas as voluntárias locais que monitoram o estado dos órfãos e menores vulneráveis, Mtembu visita Nhlanhla pelo menos duas vezes por semana.
Por falta de habilidades em agricultura, Nhlanhla, que vive na fazenda com a sua irmã Thembi, era incapaz de utilizar a terra, o que a fez improdutiva durante anos.
Durante este tempo, o governo doava as propinas escolares, as necessidades médicas eram atendidas pela Cruz Vermelha, e a ajuda alimentar era fornecida pelo Programa Mundial da Alimentação das Nações Unidas (PMA).
Mas agora, um novo programa lançado pelo PMA está a ensinar estas crianças a se ajudarem a si próprias.
Através do programa ‘Junior Farmer Field’ (Jovens fazendeiros) e a ‘Life Schools’ (Escolas da Vida), os órfãos e crianças vulneráveis passaram a aprender projectos agrícolas e habilidades da vida, disse o director do programa do PMA, Andrew Nguwenya à IRIN/PlusNews.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Fundo das Nações Unidas para a População, e o Ministério da Agricultura também contribuem para este programa.
“A idéia é manter as crianças nas suas terras, e torná-las produtivas, para que não percam a sua herança”, comentou Ngwenya.
Segundo ele, crianças entre 12 a 17 anos têm aulas aos fins de semana; aprendem agricultura de conservação, incluindo a rotação de culturas para evitar o desgaste dos nutrientes do solo e prevenir a erosão do solo; criação de aves; o cultivo de vegetais e a criação de gado.
“Aprender fazendo. Este é o tema do projecto”, disse Nguwenya.
Hanson Dlamini, um funcionário de campo do Ministério da Agricultura, acredita que alguns agricultores adultos deveriam receber estas aulas.
“Os meninos estão a receber uma boa base em agricultura. Eles aprendem que uma farma não é simplesmente um lugar para alimentar a família, mas que pode ser um negócio onde os agricultores fazem dinheiro e servem a nação”, lembra.
A fase piloto do programa começou em princípios de 2007 em cinco localidades, beneficiando 125 órfãos e crianças vulneráveis e deve ser estendido a 500 outros lugares, para mais de mil crianças.
Mas ainda há muito por ser feito para atender a enorme população de crianças vulneráveis.
Segundo a UNICEF, em 2010 haverá cerca de 120 mil crianças órfãs da Sida na Suazilândia, o equivalente a 10 por cento da população.
“Até lá esperamos ter trabalhado com mais de 45 mil órfãos e crianças vulneráveis”, finaliza Ngwenya.
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