UGANDA: HIV no grande ecrã
KAMPALA, 15 Setembro 2006 (PlusNews) - Uganda geralmente importa filmes de Hollywood, “Bollywood”, na Índia, ou de “Nollywood”, na Nigéria, mas uma nova produção contribui para o desenvolvimento da indústria local e aborda a Sida.
“Eu queria fazer um filme que retratasse a vida de hoje no Uganda”, disse a realizadora principiante, Cindy Magara. “Se cavares fundo em qualquer área da vida no Uganda, em qualquer sector da sociedade, encontras a Sida, de modo que teve que entrar”, explicou.
“Fate”, Destino, em Português, é um filme de baixo custo e teve financiamento privado. Foi lançado em finais de Julho, em Kampala, a capital, e está também em exibição nas cidades de Entebbe e Jinja.
O filme conta a história de Kate Komuntale, uma sucedida executiva, de trinta e tal anos de idade, que tem tudo, menos marido e filhos. A mãe de Kate pede-lhe um neto e a pressão social acentua-se quando amigas e colegas casam.
Quando o charmoso oficial da contra inteligência, Ken Bagonzo, entra na vida dela, Kate não pensa duas vezes. Ela gosta dele e ele gosta de crianças. O problema é que ele também gosta de dinheiro, mas o dela.
Em pouco tempo, Kate, que fora uma profissional confiante, é dominada pelo abuso do seu marido e humilhada pela sua promiscuidade. Quando ela cai doente, descobre que tem HIV.
“Ken é o mau da fita, mas mais tarde descobres que ele é assim porque ficou órfão por causa da Sida e quando chegou à cidade uma ‘sugar mummy’ infectou-lhe”, disse Allie Mutaka, que interpreta o personagem. “Sugar mummy” é o termo em Inglês para descrever as mulheres que usam o dinheiro para namorarem homens mais novos.
“Daí jura vingar-se de todas as mulheres, e é por isso que se torna tão antagónico”, acrescentou Mutaka.
Liberdade de escolha
A mensagem do filme é clara: a vida das mulheres não deve ser predeterminada pelas expectativas da sociedade - elas devem tomar as suas próprias decisões.
Magara espera que os pais que assistirem o filme pensem de maneira diferente em relação às escolhas das suas filhas.
“Se fores pressionado a tomar uma decisão”, disse ela, “tomarás uma decisão errada”.
“Fate” também sugere que aceitando falar abertamente sobre a sua seropositividade, as pessoas podem recomeçar a vida.
“Quando Kate ganha a coragem de contar ao seu filho de nove anos…que tem Sida, este torna-se fonte de firmeza para ela e aconchegam-se”, disse Magara, acrescentando que quando Kate informou aos seus chefes a reacção foi também muito positiva.
Magara discute, com Universidade de Makerere, a dobragem do filme em línguas locais e pensa numa ampla distribuição.
”Aqui, as pessoas falam sobre a Sida, mas noutros países ficam caladas, e agora morrem como no Uganda, nos anos 80, daí que gostaria de exibir o filme na Tanzânia, Etiópia e Ruanda”, concluiu Magara.
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