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NAMÍBIA: Navios, camiões e clubes nocturnos na rota da SIDA


Photo: IRIN
As redes sexuais de Walvis Bay espalham a SIDA
WALVIS BAY, 17 Março 2006 (PlusNews) - Depois de passar meses no mar ou fechados num camião durante vários dias, homens jovens, que trabalham longe de casa, chegam à cidade portuária de Walvis Bay com dinheiro para gastar, ajudando a propagar o HIV.

Estrategicamente localizada a meio caminho ao longo da costa da Namíbia, com acesso directo às principais rotas de navegação, o porto de águas profundas de Walvis Bay é dominado pela indústria pesqueira.

Este sector - pesca comercial e processamento do pescado - é um dos que estão em rápido crescimento na economia da Namíbia.

As auto-estradas Trans-Caprivi e Trans-Kalahari ligam o porto de Walvis Bay com o Botswana, África do Sul, Zâmbia e Zimbabwe –países cujas taxas de seroprevalência são das mais altas do mundo. Outra auto-estrada liga-o a Angola.

Inevitavelmente, este ambiente altamente movimentado deixa os pescadores e camionistas particularmente vulneráveis ao HIV/SIDA. Relativamente bem remunerados, estes trabalhadores estão no centro da indústria do sexo comercial naquela cidade portuária, que tem uma taxa de seroprevalência de entre 25 e 30 por cento.

Mas enquanto os camionistas e as trabalhadoras do sexo têm sido alvo de inúmeras iniciativas de sensibilização, os pescadores tendem a serem esquecidos.

Um estudo recente efectuado pelo Instituto de Pesquisa de Política Pública (IPPR) da Namíbia concluiu que os pescadores estrangeiros nas grandes embarcações são ainda mais marginalizados. Os operadores de arrastões, vindos de países da Europa e da Ásia com baixas taxas de seroprevalência, encontram-se particularmente em risco.

O estudo revelou que os pescadores estrangeiros são a ponte que liga as regiões de alto e baixo risco no mundo, conectando as esposas na China com as trabalhadoras de sexo e os seus clientes em Walvis Bay, segundo o pesquisador do IPPR, Christiaan Keulder.

Não tendo recebido qualquer educação sobre o SIDA antes da sua chegada ou durante a sua estada na Namíbia, a maioria destes pescadores sabem pouco sobre a pandemia.

Eles são mais susceptíveis de se envolver em sexo não protegido com trabalhadoras de sexo, disse Keulder durante um workshop sobre HIV/SIDA nas pescas em África, que teve lugar recentemente em Lusaka,Zâmbia.

Adicionalmente, a incapacidade dos pescadores estrangeiros em comunicar nas línguas locais dificulta ainda mais às trabalhadoras do sexo a negociação do uso do preservativo. Por outro lado, é pouco provável que os educadores locais sobre a SIDA usem os seus limitados fundos para estrangeiros ou para negociar a entrada em navios internacionais.

Segundo Keulder, os pescadores locais são também vulneráveis, uma vez que os esforços de educação sobre HIV/SIDA no seio deste grupo são geralmente inadequados. Como os pescadores desconfiam dos proprietários e gestores dos navios, também desconfiam de tais iniciativas.

“Aqueles que nos devem dar essa informação sobre HIV são os nossos patrões, os operadores dos navios. Eles são todos estrangeiros e na verdade não se importam em nada connosco. A sua preocupação é só com trabalho e o seu pescado», diz um pescador citado no estudo.

Os altos níveis de abuso de álcool nas comunidades locais e os seus arriscados estilos de vida têm contribuído para as altas taxas de seroprevalência entre os pescadores da Namíbia.

Navios e clubes nocturnos

Como o sexo comercial é ilegal na Namíbia, os clubes nocturnos tornaram-se a ligação chave entre as prostitutas e as tripulações pesqueiras estrangeiras.

“O entretenimento é entendido como o principal negócio dos clubes nocturnos, mas as trabalhadoras de sexo são (de facto) o principal negócio”, observou Keulder.

O estudo concluiu que os proprietários dos clubes nocturnos estão em ligação com as autoridades portuárias para saberem da chegada de navios a Walvis Bay e fornecem esta informação às prostitutas.

“A estreita relação entre os clubes nocturnos e as trabalhadoras de sexo comercial não é tão acidental como possa parecer...é coisa planificada”, disse Keulder ao PlusNews.

O estudo também revelou que há duas categorias de trabalhadoras de sexo em Walvis Bay. As mulheres da “alta classe”, cujos clientes tendem a ser pescadores estrangeiros e homens de negócios, são chamadas pelos proprietários dos clubes nocturnos quando os pescadores estrangeiros chegam aos clubes. As da «classe baixa» operam principalmente em bares não licenciados ou nas ruas, com pescadores locais e camionistas como seus clientes, e algumas vezes são pagas com álcool.

Mesmo assim, as trabalhadoras de sexo são as mais bem informadas sobre HIV/SIDA nesta rede sexual. Elas têm recebido uma extensiva educação sobre a matéria, têm acesso aos preservativos e a testes de HIV.

Mas os altos níveis de violência por que têm passado, e o abuso de álcool e drogas, colocam-nas em risco de infecção através de sexo não protegido, disse Keulder.


Tema(s): (IRIN) Economia/Negócios, (IRIN) Pesquisa

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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