África English Français Subscrição IRIN Mapa do Sítio
PlusNews
Notícias e análises sobre HIV e Sida
Pesquisa avançada
 domingo 07 Outubro 2007
 
Página inicial 
África 
Compacto Semanal 
Reportagem aprofundada 
Eventos 
Empregos 
Really Simple Syndication Feed 
Acerca do PlusNews 
Doadores 
Contacto 
 
Versão impressa
NAMÍBIA: Mensagens de prevenção da SIDA não chegam aos himba


Photo: David Swanson/IRIN
Os himba ainda vivem ao estilo tradicional
WINDHOEK, 21 Abril 2006 (PlusNews) - A comunidade pastoral de himba, na Namíbia, permanece em grande medida separada do resto da sociedade, mas as ONGs alertam que as suas práticas culturais e o isolamento em relação aos esforços de prevenção do HIV/SIDA podem aumentar a sua vulnerabilidade ao vírus.

"A fidelidade a um parceiro é coisa desconhecida entre os himba", disse Karandua Mutambo, director da Sociedade da Cruz Vermelha na região do Kunene, no norte da Namíbia, explicando as dificuldades que os trabalhadores do SIDA enfrentam para aceder ao grupo.

Os himba também estão fora da corrente principal em termos de educação e cuidados de saúde. Segundo o Comité Regional de Coordenação de SIDA no Kunene, esta região tem a mais baixa taxa de prevalência na Namíbia, com apenas 13 por cento. Contudo, tem havido um aumento significativo: em 1998 a taxa de prevalência de HIV era de apenas seis por cento.

O Kunene tem também a mais baixa taxa de escolaridade - 57 por cento - o que afecta as campanhas de sensibilização sobre a doença.

A cultura himba encoraja os homens ricos em gado a terem mais do que uma mulher. Muitos homens mais velhos casam várias meninas. As mulheres são frequentemente casadas com primos ou outros familiares em uniões pré-combinadas. Muitas delas ficam grávidas ainda muito novas.

Embora o adultério não seja permitido - qualquer homem apanhado é multado em mais de 12 cabeças de gado - não é raro encontrar uma mulher himba casada entretendo até três amantes.

"Uma mulher que não trai o marido está sujeita ao ridículo e é muitas vezes considerada inútil. Alguns homens partilham abertamente as suas esposas, principalmente os tios com os seus sobrinhos favoritos", comentou Mutambo. Andam de tronco nu e cobrem de ocre o corpo, usam peles, conchas e joalharia de ferro.

SIDA não é da tribo

De acordo com Mutambo, os himba "dizem que a SIDA não é doença da sua tribo", embora reconheçam que ela existe no mundo.

"Eles já ouviram falar da doença, mas nunca viram ninguém morrer dela nas suas aldeias. No passado nunca se ouviu falar, nas suas comunidades, de alguém perder a vida aos 20 anos. Agora, isso está a acontecer, mas os himba não vêm nenhuma ligação entre a SIDA e as mortes frequentes, hospitalização e tuberculose relacionada com a SIDA".

A SIDA é considerada doença daqueles que estiveram em contacto com os ovambo (outro grande grupo étnico do norte da Namíbia), dos jovens que vão para as cidades ou dos que casam com pessoas de outras etnias, disse Mutambo.

Consequentemente, os himba tendem a manter as suas filhas em casa depois de completarem o ensino primário, em vez de permitir que frequentem o ensino secundário noutras zonas.

Em resposta à alta taxa de mortalidade materna entre as mulheres do grupo - a mais alta do país - a Cruz Vermelha da Namíbia tem estado, desde 2001, a ensinar-lhes sobre a contracepção, planeamento familiar, infecções de transmissão sexual e HIV/SIDA.

Desconfiança

O maior desafio das ONGs tem sido convencer os himba a mudar alguns elementos do estilo de vida que têm vindo teimosamente a seguir durante tanto tempo.

Os voluntários são vistos com desconfiança, mas a organização começou recentemente a formar voluntários da própria comunidade.

"Os estranhos são vistos como tendo vindo para colher informações para vender nas cidades...conseguimos ganhar a confiança dos himba, porque também lhes damos água para beber", disse Mutambo.

Charles Varije, coordenador regional da Sociedade da Cruz Vermelha da Namíbia em Kunene, disse ao PlusNews que o HIV/SIDA não é preocupação primária para os pastores, mas sim o estado do seu gado. É por essa razão que os homens muitas vezes preferem viver com o gado em pastagens distantes, o que lhes dá oportunidade de terem relações extraconjugais.

Funcionários do Hospital Estatal de Oshakati, na maior zona urbana do norte do país, disseram que os himba preferem a medicina tradicional aos cuidados de saúde modernos.

"O problema é que eles têm visto pessoas a morrer depois de hospitalizadas, mas muitos chegam ao hospital quando já é demasiado tarde", disse Panduleni Muupwe, daquela unidade.

Medicamentos antiretrovirais foram introduzidos na região em 2004 e a incidência das infecções de transmissão sexual foi diminuindo, disse Muupwe.

A natureza também está a deixar as suas marcas no estilo de vida dos himba. A terra para pastagem foi atingida pela seca nos últimos anos, forçando-os a cultivarem milho e mapira para sobreviverem.


Tema(s): (IRIN) Prevenção

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
Versão impressa
Assinaturas gratuitas
Seu endereço de e-mail:


Envie sua solicitação
 Mais sobre Namíbia
06-Nov-2006
NAMÍBIA: Remando contra a maré
23-Ago-2006
NAMÍBIA: Expansão do tratamento antiretroviral pode ser concretizada antes do prazo
13-Jun-2006
NAMÍBIA: Caprivi na rota da prevenção
12-Mai-2006
NAMÍBIA: Tratamento antiretroviral gratuito para refugiados
17-Mar-2006
NAMÍBIA: Navios, camiões e clubes nocturnos na rota da SIDA
 Mais sobre Prevenção
05-Out-2007
ÁFRICA: IRIN PlusNews Compacto Semanal No. 84, 01-05 Outubro, 2007.
04-Out-2007
MOÇAMBIQUE: Para ex-refugiados seropositivos, a guerra continua – contra o HIV
28-Set-2007
ÁFRICA: IRIN PlusNews Compacto Semanal No. 83, 24-28 Setembro, 2007
26-Set-2007
ANGOLA: Um espelho para as mulheres seropositivas
25-Set-2007
ANGOLA: O fim da dúvida e um novo começo
Retroceder | Página inicial

Serviços:  África | Rádio | Filme & TV | Foto | Subscrição
Contacto · E-mail Webmaster · Termos e Condições · Feed de Notícias Feed de Notícias · Acerca do PlusNews · Adicionar aos favoritos · Doadores

Direitos Autorais © IRIN 2007. Todos os direitos reservados.
Este material chega até você via IRIN, o serviço de notícias e análises humanitárias do Gabinete para a Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas. As opiniões expressadas aqui não reflectem necessariamente a opinião da ONU ou dos Estados Membros. A republicação está sujeita aos termos e condições determinadas na página do copyright IRIN.