MOÇAMBIQUE: Semanário Zambeze é elogiado por política de HIV e Sida

Photo: Lucas Bonanno/PlusNews  |
Com política de HIV e Sida nas páginas dos jornais e na redação, Zambeze é elogiado por juri internacional. |
MAPUTO, 11 Setembro 2007 (PlusNews) - Moçambique, por meio do semanário Zambeze, foi o único país africano de língua portuguesa a concorrer ao prêmio Plano de Acções dos Medias em HIV, Sida e Género, promovido pelos institutos sul-africanos The Sol Plaatje e Gender Links.
Os jurados na premiação em nove de Setembro em Grahamstown, na África do Sul, elogiaram o progresso da política contra a Sida elaborada pelo Zambeze, conta o gerente de mídia em HIV, Sida e Género da Gender Links, Dumisani Gandhi.
A cerimônia aconteceu durante a Conferência Highway Africa, que termina em 12 de Setembro. Os prêmios foram patrocinados pela Agência Internacional Sueca de Desenvolvimento (Swedish International Development Agency, em inglês).
O concurso é parte do Plano de Acção de Media em HIV, Sida e Género coordenado pelo Fórum de Editores da África Austral, que procura garantir que 80 por cento dos 360 veículos na região tenham políticas referentes a esses temas até o final de 2008.
Os vencedores foram o Malawi Broadcasting Corporation em HIV e Sida e a Mauritius Broadcasting em género. Os segundos lugares nessas áreas ficaram com o jornal The Times of Zambia e novamente Malawi Broadcasting Corporation, respectivamente.
Os veículos foram avaliados quanto a qualidade e quantidade das acções desenvolvidas internamente e para o público. Os vencedores receberam montantes em dinheiro, troféus e um curso de uma semana sobre HIV, Sida e género a funcionários indicados.
O Zambeze competiu com sua política aprovada em Junho pela Empresa Novo Media, proprietária do jornal. O projecto prevê notícias sobre a Sida em todas as edições, equilibrando temas de prevenção e tratamento e fontes femininas e masculinas.
Fernando Veloso, que assumiu a direção do jornal em Março no lugar de Salomão Moyana, disse ao PlusNews que dará continuidade à política contra a Sida iniciada no ano passado.
“Não aceitaremos nenhum anúncio de produtos ou pessoas que sugerem curar a Sida”, disse Veloso. “Perco um anunciante, mas não posso enganar o meu leitor.”
O jornal pretende desenvolver um guia para orientar os jornalistas no uso das linguagens apropriada sobre HIV e Sida.
Seropositivos na redação
O Zambeze procura seguir na redação a mesma actitude que adota em suas páginas. Com cerca de 30 funcionários, as leis de HIV e Sida no local de trabalho são respeitadas rigorosamente.
Criada em 2002, esta lei proíbe a testagem obrigatória do HIV e a demissão de um trabalhador por ser seropositivo, e exige assistência médica para empregados infectados.
Há sete meses, um jornalista deste jornal se assumiu seropositivo à direção e aos seus companheiros de redação.
Perco um anunciante, mas não posso enganar o meu leitor. |
“A primeira coisa que me falaram foi que meu emprego estava garantido”, diz ele, que apesar de contar aos amigos que têm HIV, prefere não se assumir publicamente.
Hoje com 31 anos, ele lembra que chegou a pesar 44 quilos – com 1,80 metro de altura – no começo do ano em decorrência de uma diarréia constante provocada pela Sida.
Mas com apoio da direcção do Zambeze, ele iniciou o tratamento antiretroviral junto à Comunidade de Santo Egídio, que o ajudou a chegar aos atuais e saudáveis 62 quilos.
O primeiro jornalista moçambicano a se assumir publicamente seropositivo, Bento Bango, também era repórter do Zambeze. Em Junho de 2003, numa época em que o estigma era ainda maior, Banto convocou a imprensa na capital Maputo e anunciou ter HIV.
“Ele dizia que queria servir de exemplo para os outros”, lembra o chefe de redação do Zambeze e amigo de Bango, Carlos André. “Tinha o sonho de criar uma fundação (na área de comunicação e Sida) e me chamou para fazer parte”.
Mas em 24 de Novembro de 2003, Bango, um dos fundadores do Instituto de Comunicação Social especializado em jornalismo rural e também repórter do semanário Savana, morreu aos 40 anos, sem criar a sonhada fundação, e deixando esposa e quatro filhos.
Porém, sua herança de pioneirismo foi herdada pelo Zambeze, que expande uma política de HIV e Sida e recebe elogios de especialistas internacionais.
(lb/ms/ll)
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Tema(s): (IRIN) Média
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[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas] |
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