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MOÇAMBIQUE: Formar os formadores de opinião


Photo: Lucas Bonanno/PlusNews
A Sida não ocupa só as páginas de saúde, mas de economia, política e desportos, já que tem impacto sobre a sociedade inteira.
MAPUTO, 6 Agosto 2007 (PlusNews) - Tânia Machonisse, 21 anos, estuda jornalismo na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), em Maputo. Em seu currículo, além das disciplinas básicas, como história da comunicação, técnicas de escrita e noções sobre fotografia, consta um aprendizado especial: educação sobre HIV e Sida.

Ela e outros cerca de 40 alunos de jornalismo da UEM representam uma nova estratégia do governo, que é melhorar a qualidade da informação sobre a epidemia através de formações dos formadores de opinião.

Sendo a Sida uma doença que está a saltar das páginas de saúde para as notícias de economia, agricultura, cultura e desporto, já que tem impacto sobre todas as áreas da sociedade, se torna de extrema importância que todo jornalista saiba compreender esta epidemia.

Na UEM, os cursos foram dados em 2005 e 2006 por representantes em Moçambique da universidade norte-americana Johns Hopkins.

E graças a esses cursos, Machonisse foi escolhida para uma vaga no Vênus, jornal universitário sobre HIV e Sida, com tiragem de 10 mil exemplares e publicação trimestral.

“Virei activista contra um mal que afecta meu país e ganhei um emprego”, disse Machonisse. “Na próxima edição, terei meu primeiro artigo publicado”, comentou com orgulho.

Treinamento

A primeira formação para os alunos da UEM durou três meses e incluiu aulas teóricas sobre os meios de contágio do HIV, tratamentos da Sida, estatísticas nacionais e mundiais, além de exercícios práticos, como criação de artigos, pautas e entrevistas.

No segundo curso, eles criaram em um mês a campanha Por uma UEM livre do HIV e Sida; Aposte na Fidelidade, lançada em 1º de Dezembro de 2006, Dia Mundial da Sida.

Cartazes com este slogan e preservativos foram distribuídos em todos os campi da UEM, que nacionalmente atende cerca de oito mil alunos.

“Percebi muita vontade deles em apreender mais sobre o HIV e a Sida”, disse a representante da Johns Hopkins em Moçambique, Rosa Said.

O aluno do quarto ano de jornalismo Abílio Cossa, 24 anos, é um exemplo. Depois dos treinamentos, ele decidiu abordar comunicação e HIV/Sida em seu trabalho de conclusão do curso.

“Agora, sei muito mais sobre esta doença e me considero mais sério no que se refere ao uso do preservativo”, disse ao PlusNews.

Além da UEM, os alunos da Escola de Jornalismo, em Maputo, também receberam treinamentos sobre HIV e Sida, de uma semana de duração, com profissionais da Organização Mundial da Saúde e da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento da Família.

''Os jornalistas têm o poder de evidenciar assuntos que podem fazer a diferença entre a vida e morte.''
Esta escola de nível técnico oferece cursos de três anos nas áreas de jornalismo, relações públicas e marketing para 200 alunos.

Antes da criação do curso de jornalismo na UEM, que terá a primeira turma graduada no final do ano, a Escola de Jornalismo era a principal a formar estes profissionais em Moçambique.

Melhorar a cobertura da epidemia é urgente

Um estudo da GenderLinks e o Projecto de Monitoria dos Média divulgado no ano passado revelou que de um total de 3.064 artigos publicados na imprensa moçambicana, entre Outubro e Novembro de 2005, apenas 147 eram sobre a epidemia, o que corresponde a cinco por cento.

Apesar de estar acima da média regional de três por cento, a cobertura da epidemia nos média é baixa, considerando que cerca de 1.6 milhão de moçambicanos são seropositivos.

Mais da metade dos artigos, segundo o estudo, destacaram a prevenção, mas temas como cuidados domiciliários, direitos humanos, relações de gênero e transmissão vertical do HIV não foram abordados.

Ericino de Salema, oficial de informação e pesquisa do Instituto para a Comunicação Social da África Austral (MISA, em inglês), reconhece este problema, mas acredita que os veículos de comunicação estão a melhorar a qualidade das informações sobre Sida.

“O discurso do jornalista mudou”, disse ao PlusNews.

A situação hoje, segundo ele, é diferente de 10 anos atrás, quando os jornalistas destacavam as desgraças da “doença do século” e elegiam culpados, como vendedoras de sexo, usuários de drogas, estrangeiros e camionistas.

Até a escolha das palavras, como “praga, doença mortífera, jovem contaminada, crianças inocentes infectadas”, aumentava o estigma e o medo sobre a Sida.


Photo: Unaids
Jornalistas já ajudaram seropositivos a conseguir tratamento e internações, aumentaram a doação de sangue e desmentiram boatos sobre a cura da Sida e a ineficácia da camisinha.
E é justamente esta mudança que espera a Southern African Media Training Trust (NSJ), organização especializada em formação para jornalistas, que nos últimos anos desenvolveu quatro cursos em Moçambique para 57 profissionais.

Em duas dessa formações, o NSJ trabalhou em parceria com o Instituto pela Democracia na África do Sul (IDASA, em inglês) através do Programa Governação e Sida.

Marietjie Myburg, coordenadora deste programa no IDASA, explica que a idéia é capacitar os jornalistas para que eles possam monitorar as promessas feitas pelo governo para os cidadãos na área de HIV e Sida.

“Estamos a observar que os medias não têm feito muito bem este papel”, disse ao PlusNews.

Outra área que a IDASA procura destacar é que os indivíduos e as comunidades são centrais na resposta à Sida, mas os jornalistas frequentemente não percebem isto e privilegiam em seus artigos especialistas e instituições.

“Os jornalistas têm o poder de evidenciar assuntos que podem fazer a diferença entre a vida e morte”, comentou Myburg.
Em Março, durante um workshop organizado pelo NSJ e o IDASA em Nampula, jornalistas de rádios comunitárias contaram que notícias transmitidas por eles já ajudaram seropositivos a conseguir tratamento e internações, aumentaram a doação de sangue e desmentiram boatos sobre a cura da Sida e a ineficácia da camisinha.

Com crescente consciência do alcance da suas reportagens, Salema diz que “aos poucos, os jornalistas moçambicanos estão a ver que se trata de uma epidemia em que todos estão envolvidos.”

lb/ll/ms


Tema(s): (IRIN) Média, (IRIN) Prevenção

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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