MOÇAMBIQUE: Por uma divisão melhor de recursos
MAPUTO, 27 Setembro 2007 (PlusNews) - Margarida Naftal Buque, 67 anos, é enfermeira aposentada, mas à frente da coordenação do Programa de Cuidados Domiciliários da Associação Nacional dos Enfermeiros de Moçambique (ANEMO), ela frequentemente deixa o conforto do seu escritório no centro de Maputo para ir à periferia ver os doentes.
Há cinco anos, a ANEMO faz visitas domésticas a doentes. A organização atende hoje 15 bairros de Maputo, onde cerca de 3.300 seropositivos e 2.900 doentes crônicos são ajudados com medicamentos para doenças oportunistas, cestas básicas, redes protectoras de mosquitos e preservativos.
Numa visita recente ao bairro Mavalane B, Buque descobriu que uma doente, além de receber a assistência domiciliária da ANEMO, era auxiliada também por um grupo da igreja luterana.
“Ela estava com duas cestas básicas”, disse Buque. “Não queremos brigar por pacientes, mas há tanta gente sem nada, que precisamos nos dividir mais justamente.”
Com a ajuda da equipe da ANEMO, composta por 44 ativistas e 10 enfermeiros aposentados, Buque descobriu outros casos de duplicação de cuidados domiciliários em Maputo.
Por causa disso, representantes de cerca de 30 organizações que oferecem cuidados domiciliários decidiram criar um mapa para organizar os esforços, com uma lista de instituições envolvidas nesse trabalho em Maputo e outras localidades.
O objectivo é distribuir a assistência de forma mais igualitária.
A idéia surgiu durante o Primeiro Fórum de Organizações Não-Governamentais de Cuidados Domiciliários, realizado pela Rede Moçambicana de Organizações Contra Sida (MONASO) em Maputo entre 19 e 20 de Setembro.
O evento contou também com o apoio da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras-Bélgica (MSF).
...Há tanta gente sem nada que precisamos nos dividir mais justamente. |
Segundo os participantes, as pessoas assistidas por mais de um cuidador domiciliário geralmente omitem a informação porque querem o máximo de ajuda possível.
Colabora também para essa duplicidade o fato de muitas organizações não se registarem nos centros de saúde da cidade, responsáveis pela coordenação dos serviços de cuidados domiciliários.
“Pelo menos já temos o problema organizado”, disse Emília Adriano, responsável por cuidados domiciliários na MONASO.
A próxima etapa será encorajar as organizações que prestam cuidados domiciliários a se certificar de que não há outro grupo a atuar localmente antes de iniciar o trabalho em determinada região.
Entenda os cuidados domiciliários
Cada organização doa diferentes quantidades de alimentos e remédios, mas o gasto médio mensal com um doente em cuidado domiciliário que recebe esses benefícios é de US$ 15 a 30, segundo as organizações internacionais Save the Children-UK e Médicos do Mundo.
Os cuidados domiciliários geralmente se destinam a doentes graves e têm duração variável, dependendo da condição do paciente.
A estimativa nacional do governo para o número de doentes que recebem algum cuidado é de aproximadamente 50 mil entre seropositivos e portadores de outras doenças.
Para uma população de 19.8 milhões, Moçambique tem uma seroprevalência de 16.2 por cento entre os adultos.
Segundo Corinne Benazech, coordenadora do projecto da MSF no Hospital Primeiro de Maio em Maputo, os cuidadores domiciliários reforçam a boa adesão ao tratamento antiretroviral – um dos principais objectivos da MSF.
“Aqueles de barriga cheia e que têm alguém para lembrá-los sobre o tratamento aderem muito melhor”, comentou.
lb/ll/ms
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Tema(s): (IRIN) Cuidados/Tratamento
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[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas] |
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