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AFRICA: Partilhando mais do que somente o leito matrimonial


Photo: IRIN
Um é pouco, dois é bom, três é demais
KIGALI, 20 Junho 2007 (PlusNews) - Não é nos motéis baratos ou nos assentos traseiros de carros, mas no leito matrimonial que acontece o sexo de alto risco em Uganda. Foi essa informação que receberam os delegados presentes à conferência sobre melhorias nos serviços da Sida, em Kigali, Ruanda, essa semana.

David Apuuli, director geral da Comissão do Uganda para a Sida (Uganda AIDS Commission), alertou que o sexo marital representa 42 por cento de novas infecções numa época em que a seroprevalência começa a subir depois de anos de estagnação.

Os responsáveis pela elaboração de políticas referentes à Sida estão voltando sua atenção para o fenómeno de casais chamados discordantes, onde um dos parceiros é seropositivo e o outro é negativo. Prevenir a transmissão do HIV nestes casais, quando muitos não sabem de sua condição, tornou-se uma nova área crítica de enfoque.

Então é a mesma velha história de homens que trazem o vírus para casa e infectam os seus parceiros? Talvez não, segundo uma nova e provocativa pesquisa apresentada na conferência, organizada pelo Plano de Emergência para a Redução da Sida, dos EUA.

Vinod Mishra, director de pesquisa na Macro International, um grupo de pesquisa baseado nos EUA, notou que numa considerável proporção de casais discordantes eram as parceiras que estavam infectadas, e eram elas a provável fonte de transmissão para os maridos.

“Concluímos que em muitos países, como o Quénia, Costa do Marfim e outros, mais de 60 por cento das parceiras (em casais discordantes) são seropositivas, o que é totalmente não reconhecido na comunidade de prevenção da Sida", disse Mishra a IRIN/PlusNews.

As campanhas de prevenção existentes geralmente têm os homens como alvo, identificando-os como elo entre comportamento de alto risco e grupos de alto risco, mas negligenciam a vulnerabilidade dos homens seronegativos em relações discordantes, acrescentou.

O estudo utilizou pesquisas demográficas e de saúde de 12 países na África subsaariana, incluindo Burkina Faso, Gana, Malawi, Uganda e Zimbabwe, para examinar os padrões de casais sero-discordantes. Tentaram também procurar possíveis explicações para esta “aparente anomalia”.

“Pelo que vemos nestes dados há uma clara evidência de que uma boa proporção destas mulheres são infectadas no seio do casamento, de uma fonte que não seu marido”, disse Mishra.

Uma “grande razão plausível”, observou, era que mulheres casadas estavam tendo mais sexo extra-marital do que geralmente se admite ou se reporta.

Isto não foi aceito pela maioria dos participantes à sessão, que explodiram numa gargalhada desconfortável. Nem é provável que seja bem recebido em qualquer outro lugar, já que a idéia de infidelidade entre mulheres casadas é inconsistente com os modelos de progressão da epidemia prevalentes e com o comportamento sexual das mulheres, conforme reportado em pesquisas.

Fazendo o jogo de acusações?

Mishra alertou que ao ignorar o risco de as parceiras transmitirem o vírus do HIV aos seus esposos, corre-se o perigo de não abordar uma “boa parte da epidemia do HIV”.

“Não se trata de acusar, mas de salvar vidas; trata-se de prevenir futuras infecções no casamento, e casamento é... o principal veículo da epidemia e principal fonte de novas infecções em muitos destes países hoje”, disse.

Mulheres são biologicamente mais propensas à infecção do que homens e uma prevalência mais alta de outras infecções sexualmente transmitidas pode torná-las mais vulneráveis à infecção pelo HIV.

Além disso, algumas mulheres já estão infectadas antes de entrar no casamento, quer por um parceiro casual ou um marido anterior.

Lynde Francis, director do The Centre, uma organização não-governamental para seropositivos do Zimbabwe, sublinhou que o grande número de jovens mulheres sendo forçadas a relações inter-geracionais, juntando-se a um parceiro muito mais velho por questões de sobrevivência económica, pode ser o principal veículo de infecções, mais do que sexo extra-marital.

Mishra admitiu que o fato de haver mulheres que já eram seropositivas antes do casamento não explica a substancial proporção de infecções femininas em casais discordantes.

Será transmissão não-sexual? “Será que as mulheres estão mais expostas à utilização de injecções inseguras? Será isso? Será que elas estão expostas a práticas de saúde inseguras durante o parto? Não encontramos nenhuma correlação para apoiar estas hipóteses”, disse.

Rebecca Bunnel, do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA no Quénia, pediu que mais pesquisas fossem feitas antes de se tirarem conclusões, e sugeriu que as taxas de infecção em jovens mulheres, que eram de três a 10 vezes mais altas que entre os homens, ainda precisa de ser explicada plenamente.

“Nós realmente precisamos olhar para os dados objectivamente, sem fazer disso uma questão de género, sem fazer disso um jogo de acusações”, disse Mishra.”Vamos analisar os dados e ver qual é a melhor maneira desenhar os programas.”

kn/oa/bm/ll/ms


Tema(s): (IRIN) Prevenção, (IRIN) Pesquisa

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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