GUINÉ-BISSAU: Mostrar a cara para eliminar o estigma

Photo: Sida-Alternag  |
Nem todos seropositivos estão preparados para mostrar a cara |
BISSAU, 15 Maio 2007 (PlusNews) - Com um acto de extrema coragem, cinco mulheres e um homem assumiram para a imprensa de Guiné-Bissau, na última semana, que são seropositivos.
Esta decisão foi apoiada pelos “Embaixadores da Esperança”, uma delegação internacional chefiada por Igou Bani Leon, primeiro vice-presidente do Parlamento de Benin; e composta por Mamadou Sabadougou, um seropositivo de Burkina Faso; e Mamadou Traoré, um religioso islâmico do Mali.
Com apoio da AWARE, uma rede de parlamentares e líderes da África Ocidental, e a RAP-Plus, a rede regional de pessoas com HIV/Sida, esta delegação incentivou os políticos e a sociedade civil de Guiné-Bissau a trabalharem para a criação de leis que protejam os seropositivos do estigma e discriminação.
Filomena Gomes, uma das mulheres que assumiu publicamente, disse ao PlusNews estar indignada com alguns preconceitos que recebe.
“Todos nós somos candidatos a apanhar a Sida. Por isso, as minhas colegas que continuam escondidas com esta doença que se apresentem”, disse.
Em tratamento antiretroviral (TARV), Gomes disse estar bem de saúde, mas pede às autoridades do país mais aparelhos de testagem de CD4, usados para avaliar as células de defesa do organismo.
Sem vergonha
Carolina Mendes, também assumidamente seropositiva, descobriu estar infectada e grávida em 2003.
Ela disse aos jornalistas que é feliz e que não está em TARV porque os médicos lhe informaram que ainda não precisa.
Hoje com quatro anos, o filho de Mendes está bem de saúde e não contraiu o vírus da mãe.
“A Sida é uma doença como o paludismo e a diarréia. Por quê as pessoas não têm vergonha de assumir estas doenças?”, pergunta.
...as minhas colegas que continuam escondidas com esta doença que se apresentem. |
Gomes e Mendes são empregas domésticas e integrantes da Céu e Terra, uma organização não governamental que trabalha em prol das gestantes com HIV/Sida.
Elas e os outros três que tiveram a firmeza em assumir que são seropositivos disseram que pretendem ser activistas pelos direitos desta população.
Com 1.4 milhões de habitantes, Guiné-Bissau tem uma seroprevalência de quatro por cento, segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Sida.
No evento, Teodora Inácia Gomes, deputada da Assembléia Nacional Popular do Parlamento de Guiné– Bissau, disse ser a favor de uma lei para proteger os seropositivos.
Ela pediu apoio aos “Embaixadores da Esperança” para que seropositivos guineenses visitem Moçambique, onde o HIV/Sida é visto com mais naturalidade pela sociedade.
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Tema(s): (IRIN) Estigma/Direitos Humanos/Leis
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[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas] |
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