REPÚBLICA CENTRO AFRICANA: Conversas sobre mulheres entre homens dão bons resultados

Photo: A.Isabelle Leclercq/IRIN  |
A Associação dos Homens que Vivem com HIV protege as mulheres |
BANGUI, 19 Janeiro 2007 (PlusNews) - Um dia, em 2001, Luc N’vendo-Mozialo estava trabalhando na recepção e aconselhamento da Rede centro-africana de pessoas seropositivas (Recapev), quando recebeu uma visita que o tocou profundamente.
“Conversando com as mulheres que vieram naquele dia, ficamos sabendo que seis delas tinham sido infectadas com o HIV pelo mesmo homem, e elas nem se conheciam”, lembra N’vendo-Moziano.
Ele decidiu então reagir e, junto com outros homens do Recapev, criou a Associação dos Homens que Vivem com o HIV (AHVV+).
“O homem é o mais forte, ele tem todos os argumentos para ‘convencer’ a mulher”, explica. “Nós pensamos que era preciso fazê-los mudar de comportamento, e que um homem estava em melhor posição para tal".
A República Centro-Africana (RCA), país fustigado por uma guerra civil e um dos mais pobres do mundo, tem uma taxa de prevalência de 10,7 por cento, o que faz dele um dos países mais atingidos pelo HIV em África.
As mulheres centro-africanas são mais atingidas que os homens pela epidemia. Segundo s Nações Unidas, as jovens de 15 a 24 anos são cinco vezes mais infectadas que os homens da mesma faixa etária, em parte porque as mulheres não conseguem convencer os homens de practicar sexo seguro.
Homens ricos, maior risco
Confrontados com esta situação, os homens da AHVV+ começaram a sensibilizar outros homens nas empresas, nas clínicas, nos centros de cuidados do HIV e também nas comunidades.
“Nós aconselhamos, conversamos com eles sobre abstinência, redução do número de parceiras sexuais, encorajamos a fazer o teste de despistagem do HIV e lhes explicamos como gerir uma vida sexual em caso de infecção”, diz M'vendo-Mozialo.
E como as conversas são “entre homens”, elas dão bons resultados, afirma.
“Antes de começar a sensibilização, muitas mulheres engravidavam involuntariamente; agora este número diminuiu", disse ele. "Nós também recebemos mulheres que vem pedir conselhos. Recentemente, uma delas, seropositiva, veio nos pedir para que conversássemos com seu marido e nós o fizemos".
Segundo M’vendo-Mozialo, os homens que vêm pedir conselho e participam das reuniões semanais de informação são geralmente da classe média.
“Os homens da classe superior, que tem muitos recursos, pedem-nos que os visitemos em suas casas para aconselhá-los”, explica ele.
Estes homens, que dispõem de recursos financieros tem mais probabilidade de “caçar mulheres e ter relações sexuais de risco", diz. "Nós aconselhamos a limitar as aventuras ocasionais, protegerem-se e fazer o teste de despistagem do HIV".
Além da vontade de ajudar os homens a modificar seu comportamento sexual para reduzir a vulnerabilidade das mulheres face à infecção pelo HIV, os membros da AHVV+ também tem como objetivo apoiar-se mutualmente e viver da melhor maneira possível, em um país onde o acesso aos antiretrovirais continua sendo um privilégio.
“Quando se está sozinho e isolado, o vírus não nos dá muito tempo de vida, mas quando estamos juntos, podemos vencer o mal psicologicamente", explica ele.
|