SOMÁLIA: Entre elas, as mulheres conversam melhor sobre a Sida
 Photo: Forum Syd/Henrik Mungenast
|
| De mulher a mulher, a informação rola no mercado. |
NAIROBI, 13 Fevereiro 2007 (PlusNews) - Na Somália, país muçulmano conservador, as mulheres estão tomando a iniciativa de informar sobre a Sida com um programa de educação que lhes é destinado.
Um amplo processo consultivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) levou à realização de um manual de treinamento destinado às mulheres, na língua local do país, ensinando-as como atingir outras mulheres em suas próprias cidades.
“O nível de conhecimento sobre o HIV/Sida é muito baixo entre as somalianas, e por isso é importante tentar transmitir a informação da maneira adequada, para que elas a entendam”, diz Aisha Maulana, conselheira técnica HIV/Sida da UNICEF na Somália. “Estas mulheres vêm da mesma comunidade e entendem as suas necessidades”.
O processo consultivo começou em setembro de 2005 e o programa foi introduzido na autoproclamada República da Somalilândia em Setembro de 2006, mas o lançamento nacional, previsto para Dezembro de 2006 no centro-sul do país, foi adiado por causa da insegurança que reina na região.
Os educadores começaram por identificar as razões principais que fazem com que as mulheres sejam altamente vulneráveis ao HIV, que incluem a mutilação genital feminina, o baixo nível de educação e a pobreza.
O manual trata de assuntos como as doenças sexualmente transmissíveis e o uso do preservativo, que está começando a se tornar mais acessível na Somália, embora a informação sobre sua utilização ainda seja insuficiente.
Rápido e simples
“O nível de comunicação é realmente inovador... a transmissão da informação é mais barata: tudo que se pede, é que as mulheres frequentem as reuniões duas horas por semana, o que faz com que elas se ausentem pouco de casa”, diz Maulana. “A organização das reuniões é simples, só precisamos de duas mulheres para transmitir a informação”.
As mulheres recebem um treinamento para trabalhar em pares, cada par ensinando 20 pessoas em 20 reuniões.
“Isto permite que elas se sintam livres para falar, sabendo que os valores e normas tradicionais serão respeitados; as mulheres se sentem à vontade para falar de sexo e de direitos sexuais”, continua ela. “Elas não se sentem bloqueadas pela presença de um homem”.
Usar as mulheres para atingir uma mais ampla comunidade feminina na Somália foi uma idéia sensata, já que neste país a insegurança geralmente limita a liberdade de ação.
“O programa está funcionando bem, e reunindo um grupo maior de pessoas, embora no centro-sul a mobilidade dos facilitadores seja limitada”, diz Maulana.
Até agora, a UNICEF treinou 90 mulheres, 30 de cada região do país: a Somalilândia no noroeste, Puntland no nordeste, e o centro-sul. As reuniões também são organizadas em acampamentos de pessoas internamente deslocadas, onde vivem cerca de 400.000 pessoas, segundo estimações.
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Sida estima que a taxa de prevalência do HIV na Somália seja de 0,9 por cento, relativamente baixa comparada ao padrão regional, mas adverte que quando esta taxa ultrapassar um por cento, ela poderá dobrar ou triplicar em somente dois ou três anos.
|