ZIMBABWE: Subida do custo de testes de CD4 pode comprometer o tratamento

Photo: IRIN  |
Muitas pessoas poderão evitar o teste de CD4 por falta de dinheiro |
BULAWAYO, 21 Dezembro 2006 (PlusNews) - O Ministro da Saúde do Zimbabwe, activistas anti-Sida e especialistas da saúde advertem que o recente aumento do custo dos testes CD4 vai afectar negativamente o já enfraquecido programa nacional de tratamento da Sida.
Os testes CD4 determinam até que ponto o sistema imunitário foi afectado pelo HIV, ajudam a decidir o início do tratamento antiretroviral e avaliam a sua eficiência.
A escassez de centros de testagem no Zimbabwe permitiu que os poucos existentes cobrassem preços astronómicos, disse o Ministro da Saúde, David Parirenyatwa.
Segundo Parirenyatwa, “o custo dos testes, principalmente nos centros de saúde privados, aumentou muito últimamente. Muitas pessoas não têm como pagá-los, o que é um recuo que tem que ser tratado com urgencia.”
“Na situação actual, os pacientes acabam morrendo prematuramente, porque tomam os medicamentos antiretrovirais sem antes ter feito os testes de CD4,” acrescentou.
Em Bulawayo, a segunda maior cidade do país com cerca de dois milhões de habitantes, estes testes são apenas feitos em dois centros de saúde, por sinal privados.
Há duas semanas, ambos subiram os testes em 100 por cento, passando a custar 50 mil dólares zimbabweanos (200 dólares americanos), o que indignou os activistas.
“Os pacientes geralmente começam o tratamento quando a contagem de CD4 está abaixo de 200”, afirmou Ambivalence Dube, activista de Bulawayo e especialista da saúde.
“No entanto, com o recente aumento do preço, muitas pessoas vão provavelmente evitar o teste, o que anula a todo o conceito de luta contra o HIV/Sida,” disse Dube.
Efeitos da crise económica
A falta de unidades de testagem nos centros de saúde públicos tem sido atribuída à falta de subsídios do governo. Os centros de testagem privados aproveitaram-se da brecha.
Segundo o Conselho Nacional da Sida, pelo menos 14 mil zimbabweanos morrem mensalmente de doenças associadas à Sida.
Os especialistas atribuem esta alta taxa de mortalidade à má nutrição e ao acesso limitado aos antiretrovirais.
Até Julho, somente 46 mil das 600 mil pessoas que precisariam de antiretrovirais beneficiavam do programa nacional de tratamento.
Segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Sida, o Zimbabwe tem a quarta maior taxa de seroprevalência do mundo: com 11.5 milhões de habitantes, estima-se que 20.1 por cento dos adultos sexualmente activos são seropositivos.
Apesar de indícios recentes de uma queda na taxa de infecção, analistas advertem que com um sector de saúde desagregado e uma economia em plena depressão, o Zimbabwe ainda está longe de ganhar a luta contra a epidemia.
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Tema(s): (IRIN) Cuidados/Tratamento, (IRIN) Economia/Negócios, (IRIN) Estigma/Direitos Humanos/Leis
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[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas] |
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