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LESOTO: A terrível combinação do HIV e TB


Photo: Alfredo Mueche/PlusNews
Explosão de co-infecção Tb e HIV na Àfrica Austral
MASERU, 19 Abril 2007 (PlusNews) - Somente em 2006, doze mil dos 1,8 milhões de habitante do Reino do Lesoto foram diagnosticados com tuberculose.

Contudo, especialistas como Peter Saranchuk, da organização humanitária Médicos sem Fronteiras (MSF), acreditam que o número de pessoas que sofrem desta doença é ainda maior.

Os testes de expectoração mais usados para detectar a TB geralmente não são eficazes em pessoas seropositivas. Por isto, Saranchuk estima que o número de casos de TB não diagnosticados seja grande.

Na maioria dos pacientes seropositivos a forma mais fiável de diagnóstico da TB é a cultura, onde amostras são cultivadas em um líquido especial, mais o Lesoto tem capacidade limitada de efectuar este teste. As amostras têm que ser enviadas à África do Sul, país vizinho, e os resultados levam até seis semanas para voltar.

O aparelho usado para preparar as amostras no maior hospital do país, o Queen Elizabeth II, em Maseru, está quebrado há quase um ano. A equipe médica da clínica ambulatória de TB do Hospital Botsabelo disse ao PlusNews que ainda esperarava os resultados das culturas enviadas ao Queen Elizabeth II em maio de 2006.

O diagnóstico da TB em pacientes seropositivos também pode ser feito através de radiografias e de um exame clínico. Mas esta prática é relativamente recente e o governo ainda está a treinar trabalhadores da saúde.

Desconhecimento

“O universo da TB ainda não se adaptou ao fato de que existe esta explosão de co-infecção no sul da África”, afirma Rachel Cohen, chefe de missão da MSF no Lesoto.

“Esta informação ainda não chegou até as enfermeiras do nível básico de saúde, que estão em contacto directo com pacientes que apresentam um falso resultado negativo do teste da expectoração, que vão acabar por morrer de TB se não forem tratados”, acrescenta.

Em um dos 17 distritos de saúde do país, onde a MSF trabalha em 14 clínicas e um hospital de distrito, as enfermeiras estão a receber treinamento para diagnosticar a TB usando radiografias e outros indicadores, mas nas outras regiões somente os médicos podem iniciar o tratamento em pacientes com resultado negativo do teste de expectoração.

Até há pouco tempo, havia pouca coordenação entre os programas TB e HIV/Sida no Lesoto. Como em muitos países da região (veja: www.nature.com), os pacientes tinham acesso ao tratamento TB e HIV em centros médicos diferentes.

Maneo Lesole, que trabalha em uma fábrica têxtil para sustentar seus três filhos, falta até cinco dias por mês no trabalho para receber o tratamento nas duas clínicas.

“Eles descontam do meu salário cada dia que eu falto”, diz. “Com as reduções, eu recebo cerca de 500 malutis (US$ 68) ao invés de 650 malutis (US$ 88).

Agora o Departamento de saúde e desenvolvimento social adoptou uma estratégia que inclui o treinamento de trabalhadores de saúde em aconselhamento para TB e HIV, assim como testagem rotineira para o HIV em pacientes com TB e viceversa, e a junção do atendimento destas duas doenças num mesmo local.

Porém, segundo Michael Sekokomala, diretor da maior clínica ambulatória de TB do Hospital Botsabelo, na capital, Maseru, ainda vai demorar muito para que esta nova estratégia possa ser implementada.

Nesta clínica, faltam conselheiros para fornecer testagem de HIV a todos os pacientes, e aqueles que são co-infectados ainda têm que ir a uma outra clínica de Sida para receber o tratamento antiretroviral (TARV).

Diferenças nos tratamentos

As estratégias de controlo da aderência dos pacientes aos tratamentos da TB e da Sida também são diferentes.

Em relação à TB, a norma é o DOTS (Tratamento de curto prazo directamente observado), no qual trabalhadores da saúde voluntários da comunidade monitoram cada dia os pacientes com TB.

Já os pacientes seropositivos recebem aconselhamento intensivo com respeito à aderência ao tratamento, para tomar os medicamentos todos os dias, sem supervisão.

A MSF preconiza uma estratégia mais focalizada no paciente para a aderência ao tratamento da TB.

“Nós aprendemos que a educação do paciente é a melhor garantia de uma aderência a longo prazo”, disse Cohen.

Shoeshoe Matsoele, que dirige o programa nacional de controle da TB, acredita que a estratégia do DOTS pode ser adaptada aos antiretrovirais. Os voluntários treinados para o DOTS, sejam eles trabalhadores comunitários da saúde ou familiares, podem aprender a monitorizar a aderência ao TARV.

Emergência

''O universo da TB ainda não se adaptou ao fato de que existe esta explosão de co-infecção no sul da África.''
Na África do Sul, país vizinho ao Lesoto, aumentam os casos de TB multi-resistente (MDR-TB). A MDR-TB é o resultado geralmente da interrupção do tratamento da TB nos seis primeiros meses, e é particularmente difícil de tratar em pacientes seropositivos.

Mais alarmante ainda, casos de TB ultra-resistente, virtualmente intratável, foram detectados na província sul-africana de KwaZulu-Natal, em 2006, causando até agora 200 mortes, na maioria pacientes seropositivos.

A cultura é o método mais seguro de diagnóstico da MDR-TB, e por isso o Lesoto tem dificuldades para determinar a gravidade da doença no país.

Dr. Sekokomala tem certeza de que já existem casos de XDR-TB no Lesoto por causa do número de pacientes que morreram durante o tratamento.

A falta de controlo da infecção nas enfermarias e clínicas é preocupante: a equipe de sua clínica agora usa máscaras de protecção, doadas pela Parceiros na Saúde (PIH, em inglês), uma organização médica internacional não-governamental, mas uma enfermeira seropositiva, mesmo em tratamento, morreu de TB antes que as máscaras chegassem.

O governo do Lesoto recentemente concluiu um acordo com a PIH para abrir em Maio uma enfermaria de 40 leitos para o isolamento de pacientes com MDR-TB no hospital Botsabelo.

Enquanto isso, Sekokomala é obrigado a atender os pacientes com suspeita de MDR-TB na enfermaria de TB do hospital Queen Elizabeth II.

“Há somente um corredor que separa este centro da enfermaria de pediatria, e as crianças brincam no corredor”, comenta.

Para a Dra. Jennifer Furin, diretora do PIH em Lesoto, a preocupação principal não é o número de casos potenciais de MDR-TB não diagnosticados.

“Na verdade, estes pacientes estão por toda a parte, tossindo, e não há como isolá-los”, finaliza.


Tema(s): (IRIN) Cuidados/Tratamento

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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