AFRIQUE: Ressano Garcia e Portugal em marcha contra o HIV
RESSANO GARCIA, 12 Fevereiro 2007 (PlusNews) - Depois de trabalhar dois anos nas zonas rurais de Portugal e nas comunidades de emigrantes africanos na região de Lisboa, o grupo “Teatro em Marcha” de conscientização sobre a Sida, vai actuar no interior da província de Maputo, Moçambique.
Em Março, o grupo, formado por jovens originários de países africanos de língua portuguesa, estará em Ressano Garcia, um povoado de fronteira com a África do Sul.
“Queremos criar grupos que, de uma forma muito econômica, estejam aptos para a transmissão e a divulgação de acções de prevenção do HIV”, disse ao PlusNews a produtora do “Teatro em Macha”, Margarida Nunes, angolana.
Ela explica que "desenvolver um sentido de responsabilidade dos jovens" vai ajudá-los a "aprender e interiorizar o que são e quais são os comportamentos de risco e os procedimentos adequados de prevenção.”
Uma das últimas actividades do grupo foi no município português de Palmela, a 30 quilômetros de Lisboa, no eixo industrial de Setúbal, uma zona particularmente afectada pela crise econômica e que serve de dormitório a milhares de imigrantes africanos.
Foi feita uma interação com estudantes da escola secundária e com os serviços locais de saúde, utilizando como elemento de provocação um texto sobre o uso do preservativo que posteriormente foi dramatizado pelos alunos, lembra Sandra Cordeiro, artista que trabalhou em Palmela.
Ressano Garcia
A escolha do “Teatro em Marcha” em começar com Ressano Garcia deve-se às questões históricas e económicas que levam a região a ser vulnerável a epidemia do HIV.
Com o acordo de paz em Moçambique em 1992, esta vila tornou-se um ponto de passagem para a África do Sul.
Hoje, Ressano Garcia é caminho para os que fogem das guerras da região dos Grandes Lagos, no centro de África, e procuram refúgio nas metrópoles sul-africanas, assim como para muitos moçambicanos que buscam trabalho nas minas da África do Sul.
O contacto iniciou-se em 2005 quando Ronaldo Monteiro, jovem cabo-verdiano estagiário na Fundação Pro Dignitate, trabalhou em Ressano Garcia com ilegais e retornados da África do Sul, na área dos direitos humanos.
No regresso a Lisboa Ronaldo procurou grupos de animação para lutar de forma "inovadora e jovem" contra a ignorância sobre a Sida que se vivia naquela região da fronteira.
A visita do “Teatro em Marcha” a Ressano Garcia tem o apoio de companhias aéreas e laboratórios portugueses.
O grupo vai desenvolver workshops que abordarão numa primeira fase as técnicas teatrais e formação de actores, para em seguida fornecerem informação sobre as doenças de transmissão sexual e comportamentos de risco.
Durante uma semana serão feitas actividades teatrais nas ruas, no posto de fronteira terrestre e nas estações de comboios. Os actores informarão meios de procurar apoio médico, tratamento antiretroviral e uso do preservativo.
O “Teatro em Marcha” já está a trabalhar com uma organização de Ressano Garcia, a “Masungulo”, que quer dizer "começo" em shangana, língua local.
Para Margarida Nunes, o nome sugere o princípio da luta contra as dificuldades, desde as condições dramáticas do regresso dos refugiados da guerra civil moçambicana nos anos 1990 até à luta contra Sida.
|
Tema(s): (IRIN) Artes/Cultura, (IRIN) Prevenção
[FIM] |
[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas] |
|
|
|
|