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MALAUÍ: O pesado fardo de ser órfão por causa da SIDA


Photo: IRIN
Órfãos: sobrevivendo, com dificuldades
LILONGWE, 11 Janeiro 2007 (PlusNews) - Chisomo Jonasi, de 12 anos, vive em Lirangwe, arredores de Blantyre, a segunda maior cidade do Malawi. Ele perdeu seus pais há um ano e meio. Agora passa maior parte do tempo fazendo pequenos trabalhos de jardineiro para sustentar seus três irmãos. O mais novo tem 5 anos.

Não fosse a Sida, disse ele, seus pais estariam ainda vivos e ele, suas duas irmãs e seu irmão poderiam ter continuado com os estudos.

“Levando em conta a situação actual, nosso futuro não será provavelmente dos mais risonhos”, disse.

Como a maioria das outras famílias desta região, os parentes de Chisomo são pobres demais para acolher as quatro crianças; é por isso que eles continuam morando na casa de barro e coberta de capim deixada pelos pais.

“Não é fácil, mas estamos sobrevivendo. Tenho esperança que aqueles que nos querem bem nos ajudem”, disse Jonasi.

De acordo com estatísticas do governo, estima-se que somente 8,6 por cento dos dois milhões de crianças que deveriam ir ao ensino secundário público foram matriculadas em 2005.

Twaina Hare, de 18 anos, também abandonou a escola para cuidar de suas duas irmãs mais novas quando seus pais morreram de doenças relacionadas com a Sida. Ela e suas irmãs cultivam um pedaço de terra que herdaram, mas Hare tem medo de que não seja suficiente para sustentá-las. “A vida está tornando-se insuportável”, disse ela.

Jovens órfãs por causa do HIV/Sida casam-se muito cedo, na esperança de que seus maridos se responsabilizem pela educação de seus irmãos menores.

“É o que está acontecendo agora: o HIV e a Sida chegaram a um ponto em que a maioria de nós está se casando, pensando que assim encontraremos consolo, mas esquecemos de que pode haver mais problemas no casamento do que imaginávamos”, disse Layiti Robert, 24 anos, que abandonou a escola primária quando ficou órfão.

“Já não me querem”

A falta de centros de testagem nas áreas rurais faz com que a maioria dos órfãos não conheça seu estado serológico. Em Lirangwe, só os doentes em estado crítico que são levados ao hospital Mlambe, a 45 quilómetros, são testados. O tratamento antiretroviral é disponível neste hospital, mas a maioria dos órfãos não tem recursos para pagar o transporte até lá.

Estimativas de 2005 da Onusida referem que 91.000 das 940.000 pessoas vivendo com o HIV no Malawi eram crianças de menos de 15 anos, e 550.000 crianças tornaram-se órfãs por causa da Sida.

A Onusida estima ainda que o estigma e a discriminação são relativamente fortes entre os malawianos, e que somente três de cada dez indivíduos de 15 a 49 anos exprimem uma atitude positiva em relação às pessoas vivendo com o HIV.

A maioria dos órfãos entrevistados pelo PlusNews queixou-se do estigma e da discriminação. Muitos deles declararam sofrer da falta de comida e de roupas, mas principalmente da falta do amor dos parentes.

“Desde que perdi meus pais em 2004, meus parentes já não me querem mais próximo deles”, disse Gertrude Malizani, de 15 anos, com as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. “Eles me chamam de todos os nomes, como se eu tivesse escolhido ser órfã”.

Organizações como a Cruz Vermelha do Malawi (MRCS) e a organização local Grupo de Apoio à Sida Chivumbe estão auxiliando as pessoas afectadas ou infectadas pelo HIV e suas famílias na região de Lirangwe, fornecendo-lhes cuidados domiciliários e educação sobre a prevenção do HIV.

Graças ao auxílio financeiro da Embaixada Real da Holanda, a MRCS implementou um programa integrado de HIV/Sida em vários distritos, para melhorar o acesso ao tratamento, cuidado e apoio para os órfãos e crianças vulneráveis. Segundo Joseph Namagonya, da Cruz Vermelha, 25 vilas no exterior de Blantyre já beneficiam deste programa.

“Quando o projeto foi lançado nós identificamos 50 doentes crônicos, cuja maioria eram pessoas jovens que não tinham sido testadas e que estavam sofrendo de doenças relacionadas à Sida”, disse Namagonya.

Cerca de 33.000 órfãos e crianças que a Sida tornou vulneráveis foram identificados pelos grupos locais que operam no distrito. Diversos grupos, financiados pela Cruz Vermelha, estão construindo centros e distribuindo alimentos e roupas às crianças.

Os jovens são também encorajados a juntarem-se em associações, onde recebem treinamento para apoiar outros jovens de suas comunidades que estão doentes ou que sofrem da falta de alimentos.


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[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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