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CAMARÕES: É urgente informar os gays sobre a Sida


Photo: IRIN
Um abraço arriscado
YAOUNDE, 6 Outubro 2006 (PlusNews) - Organizações de defesa dos direitos humanos pedem medidas urgentes para conter a epidemia de HIV/Sida, que se propaga na comunidade homossexual dos Camarões e não só.

“É necessária uma acção urgente de prevenção destinada aos homossexuais”, diz, ao PlusNews, Charles Gueboguo, sociólogo e membro da Alternatives, uma associação camaronesa de defesa dos direitos do homem.

Nos Camarões, as práticas homossexuais são consideradas um crime, passível de seis meses a cinco anos de prisão. O país não tem nenhum programa de prevenção de HIV para pessoas que fazem sexo com outras do mesmo sexo, lamentam as associações.

“Muitos homossexuais não se sentem abrangidos pelas mensagens de prevenção na televisão ou nas revistas”, explica Gueboguo. “Eles estão convencidos de que a contaminação só se faz com uma relação de penetração vaginal, e não imaginam, em nenhum momento, que também pode acontecer numa penetração anal”.

O médico Steave Nemande, membro da Alternatives, confirma que a maioria dos seus pacientes homossexuais ignora todas as medidas de prevenção; pouquíssimos deles utilizam sistematicamente preservativos.

Escassos são os membros da comunidade gay que ousam procurar um médico, receando que não seja respeitada a confidencialidade da consulta.

“Antes de procurar um médico, penso bem; receio que ele me faça perguntas que me obriguem a falar da minha orientação sexual, o que me incomoda muito”, explica Marc, omitindo o seu apelido.

O jovem acha que um terço de homossexuais que ele conhece está correctamente informado sobre o HIV/Sida e doenças sexualmente transmissíveis (DST).

Marc aprendeu um pouco sobre a epidemia na página da internet da Organização Mundial da Saúde, que consulta regularmente. Mas confessa nem sempre usar preservativos, que oferecem segurança na prevenção de HIV.

“Como medida de prevenção, asseguro sempre que o meu parceiro não esteja doente e tento ter uma relação duradoura, e não somente uma relação de uma noite”, diz.

Se a pessoa está infectada pelo HIV, as consequências deste tipo de comportamento podem ser muito graves.

Para não correrem o risco de serem estigmatizados pelas pessoas próximas, muitos homossexuais continuam tendo relações heterossexuais, alguns até se casam.

“É a sociedade como um todo que está ameaçada”, diz alarmado Gueboguo.

Preconceitos perigosos

Nos Camarões, a opinião pública está pronta a vilipendiar os homosexuais, como provou uma campanha da média conduzida entre Janeiro e Fevereiro para desacreditar as personalidades gays do mundo político, económico e artístico local.

“No quotidiano, é muito difícil viver a homossexualidade”, conta Marc. “Somos injuriados, quando nos vêem ir a um dos bares onde nos reunimos. Lá onde moramos, nos insultam. Às vezes chamam até a polícia”.

Entretanto, a estória do jovem Alim, que morreu de Sida, em Junho, após um ano de prisão presumidamente por ser homossexual, teve o mérito de alertar os seus amigos sobre a ameaça que o HIV representa para a comunidade gay.

Mas ainda é preciso que eles tenham recursos para se proteger. “A maioria dos meus pacientes são desempregados e não têm recursos para se tratarem ou comprarem preservativos”, diz Nemande. “Poucos deles têm o apoio da família e não querem falar no assunto, receando serem rejeitados ou estigmatizados”.

Segundo o médico, é difícil, por exemplo, encontrar um lubrificante barato nos Camarões, onde o mais pequeno frasco custa 5.000 francos CFA, cerca de 10 dólares americanos.

“Não é um preço accessível a qualquer pessoa. Então, utilizam-se outras substâncias nem sempre eficazes, algumas delas podem até fazer com que os preservativos rebentem”, diz Marc.

Para satisfazer estas necessidades, a Alternatives, única organização nacional que se interessa por esta comunidade marginalizada, distribui preservativos nas festas organizadas em duas discotecas de Yaoundé e Douala, grande cidade portuária.

Mas, a associação agora precisa de dados e informações precisas sobre o comportamento e necessidades destas minorias sexuais, para criar um programa de prevenção específico.

A Alternatives também projecta um serviço gratuito de escuta, que será específico para chamadas de homossexuais e completará a linha verde “Allo Info Sida”, lançada pela organização SunAids, no final de 2005.

Segundo as Nações Unidas, somente nove por cento dos homossexuais masculinos do mundo foram informados, em 2005, dos riscos de transmissão e dos meios de protecção contra o HIV.


Tema(s): (IRIN) Prevenção, (IRIN) Estigma/Direitos Humanos/Leis , (IRIN) Juventude

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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