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SUDÃO: Lidando com a discriminação no norte conservador


Photo: Derk Segaar/IRIN
Mesmo com informação, prevalecem preconceitos
CARTUM, 16 Novembro 2006 (PlusNews) - Há nove anos, quando trabalhava na Líbia, o professor sudanês Jalal Mohamed foi diagnosticado com um caso grave de melancolia.

Estava apático e não tinha apetite, mas como fizera um exame completo de saúde antes de viajar, os médicos atribuíram tudo à saudades.

Quando regressou ao Sudão, Mohamed foi diagnosticado HIV+. A sua esposa ficou ao seu lado depois de provar que tinha sido infectado durante uma cirurgia.

Hoje, aos 69 anos, ele é uma pessoa magra, mas cheia de vida, que fala abertamente da sua condição.

“Eu sou o senhor HIV. As pessoas infectadas são profissionais da Sida. Não podes nos dizer algo que não sabemos”, diz Mohamed ao PlusNews.

Como muitos outros sudaneses, ele teve que enfrentar um grande preconceito por causa da sua seropositividade, embora aborde a doença com uma intrepidez desconcertante.

“Eu carrego o meu certificado de óbito no bolso. Não tenho medo de morrer; cada um tem a sua hora”, diz.

Conversas no quintal

Mohamed visita regularmente a Associação para os Cuidados dos Sudaneses Seropositivos, que fica num edifício degradado, nos arredores da capital Cartum.

A maioria das 50 pessoas que regularmente vão ao centro participam nas “sessões de sensibilização”, que geralmente são conversas em torno de uma xícara de chá no quintal.

Há muita discussão sobre variados temas. Mas, em relação ao HIV, os participantes concordam em muitos aspectos. Eles dizem que o estigma ao HIV/Sida é mais persistente no norte do Sudão, região muçulmana; do que no sul, que é animista e cristão.

“Os muçulmanos acham que fazer sexo fora do casamento é errado”, diz um idoso que prefere não revelar a sua identidade com medo de perder o emprego.

“Eles dizem que a Sida não existe no norte, só no sul”, diz Badr El Din, um muçulmano de meia-idade, de óculos escuros.

A Associação foi formada em 2000, quando uma maior sensibilização sobre a Sida na África oriental obrigou o governo do Sudão, conhecido por ser reservado, a enfrentar a ameaça cada vez maior da epidemia.

Segundo o Onusida, a taxa de prevalência de HIV entre adultos sudaneses de 15 a 49 anos é de 1.6 por cento, numa população de 36 milhões.

Silêncio e mentira

Embora a informação sobre o HIV/Sida seja agora disponível nas escolas e na imprensa, as pessoas que são diagnosticadas com o vírus acham que o preconceito ainda é grande.

“A minha esposa me abandonou”, diz Faisal Hassan Mohamed. Após muitos minutos de silêncio, acrescenta que “ela tinha medo de mim”.

Hassan Mohamed tem quase a certeza de ter apanhado o vírus de uma ex-namorada na Eritréia, mas a maioria das pessoas da Associação prefere não falar de como foram infectadas. Poucos admitem que foi por causa de relações sexuais.

Sabir Ibrahim, de 28 anos, admite a probabilidade de ter sido infectado durante o serviço militar e diz que teve relações sexuais antes do casamento. A sua esposa, de 18 anos, também está infectada.

Mas para não perder emprego, Ibrahim diz que terá que mentir sobre a forma como foi infectado.

Outros contam situações similares. Poucas pessoas que frequentam a Associação têm emprego, embora todos trabalhassem antes do diagnóstico.

Florence, que prefere omitir o apelido, trabalhava na universidade e três meses após ter sido diagnosticada HIV+, foi “dispensada”. Ela sabe que apanhou o vírus do seu marido depois de ele ter relações sexuais com outra mulher.

Em Cartum, o HIV/Sida é acompanhado por um terrível estigma e as as pessoas infectadas geralmente vivem entre si e com medo de serem julgadas pela sociedade.

Bikela Khair, refugiado etíope, vive no Sudão desde 1981. Adoeceu e perdeu o emprego de motorista. A morte não lhe assusta.

Khair tem outro medo:“Se eu contar as pessoas que sou portador do HIV, amanhã ninguém mais vai me cumprimentar”.


Tema(s): (IRIN) Estigma/Direitos Humanos/Leis

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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