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ANGOLA: Um começo positivo


Photo: Mercedes Sayagues/PlusNews
Resposta de Angola ao HIV: entrando em velocidade de cruzeiro
LUANDA, 22 Novembro 2007 (PlusNews) - Em Janeiro de 2000, Isabel Antônio*, grávida de 4 meses, ficou transtornada ao receber duas notícias no hospital: a morte de seu marido e o diagnóstico de seropositiva.

O terceiro choque foi quando descobriu que a medicação antiretroviral custava cerca de US$ 1500 por mês. A salvação foi que o médico se condoeu de sua situação e usou uma rede de contactos para obter os remédios.

“Ele me ajudava em sigilo, porque não podia ajudar a todos. Se não fosse isso, já estaria morta,” resume António, que mora em Cabinda, enclave ao norte de Angola, com seroprevalência de 2,8 por cento.

Hoje, Isabel recebe gratuitamente os medicamentos no Hospital Central de Cabinda e se tornou activista da Associação dos Amigos dos Seropositivos (AAS).

Muito mudou nos últimos anos em Angola na questão da Sida. Em 2006, os antiretrovirais chegaram a todas as 18 capitais provinciais.

Desde o primeiro semestre de 2007, os ARVs também são distribuídos em alguns municípios das províncias de Benguela, Cabinda, Huambo, Huíla, Kunene, Lunda Norte e Uíge.

Alta pobreza

Com o final de 27 anos de guerra civil em Angola, em 2002, a estrutura de saúde pública começou a ser reconstruída nas províncias e os serviços, expandidos.

Mas mesmo com o recente e rápido crescimento económico graças ao petróleo, a pobreza e a falta de serviços são assustadores. Angola ocupa a 161ª posição, entre 177 países avaliados, no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de 2006.

Com uma população de 16 milhões de habitantes, Angola tem uma prevalência média de 2,5 por cento. A estimativa oficial é que cerca de 400 mil pessoas vivam com HIV.
Segundo dados do Instituto Nacional de Luta contra Sida (INLS), cerca de 19 mil seropositivos são assistidos por 41 serviços especializados no país.

O secretário-executivo da Rede de Organizações de Serviços da Sida (Anaso), António Coelho, ressalta que o tratamento só está disponível para 9.300 pessoas, ou seja, menos de oito por cento das 120 mil pessoas que necessitam de antiretrovirais hoje.

Mas ele reconhece o avanço.

“É preciso lembrar que, até 2006, só existia tratamento ARV no Hospital Esperança, em Luanda”, diz.

Mais CATVs

O director do Hospital Esperança (hospital referência para seropositivos em Luanda), António Feijó, destaca o aumento do número de pessoas que fazem o teste de HIV.

Ele atribui o crescimento às campanhas educativas e à maior disponibilidade dos Centros de Aconselhamento e Testagem Voluntária (CATV) nas províncias. Em 2005 havia apenas 11 CATVs no país. Hoje são 95.

''Ele me ajudava em sigilo, porque não podia ajudar a todos. Se não fosse isso, já estaria morta.''
Feijó conta que na abertura este ano do CATV no município de Caála, na província central do Huambo, foram realizados 200 testes em mulheres grávidas em apenas dois dias.

“Tivemos que montar três equipas de emergência para atender às gestantes que assistiram à palestra de sensibilização”, conta Feijó.

Na época da inauguração do CATV do Hospital Esperança, em Março de 2004, eram realizados 305 testes de HIV por mês. Em 2007, apenas em Maio foram testadas 1.058 pessoas, das quais quase um terço com resultado positivo.

Corte de transmissão vertical

Para Inês Gaspar, que é seropositiva e activista da ONG Luta pela Vihda, uma conquista importante é a expansão do programa de corte de transmissão vertical, que evita a transmissão do vírus da mãe para o bebé, a 37 unidades pré-natais.

Entre 2004 e 2006, o número de testes de HIV entre grávidas aumentou 15 vezes.

Dados do INLS mostram que, no primeiro semestre deste ano, foram testadas 22.831 mulheres grávidas em todo o país. Destas, 888 tiveram resultado positivo.

Porém, apesar do aumento no número de testes de gravidas, trata-se ainda de um percentagem baixa frente ao numero total delas. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), nasceram 767 mil bebés em Angola em 2005.

Uma razão é que apenas 40 por cento das grávidas fazem consulta pré-natal.

Melhor atendimento médico

A melhoria dos serviços é visível, mas ainda há um longo caminho pela frente, destaca Roberto Campos, conselheiro do Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV e Sida (Onusida).

Ele aponta como principal problema a falta de “médicos e enfermeiros capacitados a trabalhar com seropositivos, dentro dos padrões desejados de atenção e confidencialidade”.

Rola* viveu este problema em Cabinda. Em 2004, grávida de oito meses, descobriu que podia fazer o teste de HIV na maternidade.


Photo: Mercedes Sayagues/PlusNews
Inês Gaspar, activista da ONG Luta pela Vihda, comemora expansão do programa de corte vertical em Angola
A enfermeira, sua conhecida de infância, disse-lhe que o resultado sairia em poucos minutos. Porém, depois de muito tempo, ela entrou no quarto e falou que lhe daria o resultado em casa.

“Quando ela foi me visitar, não quis falar sobre o teste e me deu um comprimido para tomar, dizendo que era um novo procedimento com as grávidas. Só quando meu bebé tinha três meses ela voltou na minha casa, a insistir que eu fizesse o teste no meu filho”, lembra Rola.

“Foi quando eu briguei para ver o resultado dele é que a enfermeira me revelou que eu também era seropositiva”, diz.

Para melhorar o quadro técnico, o INLS organizou dez formações em 2007 para técnicos e médicos de todas as províncias. Ducelina Serrano, directora do INLS, destaca também a melhoria da vigilância epidemiológica.

“Estamos a criar bases de dados em todas as unidades de tratamento. Em 2007, já temos 36 sítios sentinela para o novo estudo de seroprevalência”, afirma.

Metas ambiciosas

Em 2008, o governo pretende aumentar o orçamento da resposta à Sida de US$ 38 milhões para US$ 45 milhões, entre recursos próprios, do Fundo Global e do Banco Mundial.

Também no próximo ano, o INLS quer dar ARVs para 25 mil pessoas e realizar mais de meio milhão de testes de HIV.

Para levar a testagem a municípios remotos, o Unicef doou cinco unidades móveis de CATV. Duas já operam nas províncias de Benguela e Kunene. As outras irão para as províncias de Kuando, Kubango, Lunda Sul e Moxico.

Para Campos, do Onusida, “são metas muito ambiciosas, mas que mostram o esforço do governo em melhorar”.

Serrano concorda tratar-se de um desafio.

“Achamos que o governo apenas não poderá fazer face a esta luta, então toda parceria é bem-vinda para complementar este esforço”, conclui.

* nome fictício

(ms/ll/ms)


Tema(s): (IRIN) Cuidados/Tratamento, (IRIN) Prevenção, (IRIN) PVHS/ONGs, (IRIN) Estigma/Direitos Humanos/Leis , (IRIN) Juventude

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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