COSTA DO MARFIM: ARVs reduzem as mortes devidas a dupla infecção TB-HIV

Photo: PlusNews  |
A consulta do Dr. Sami Tieugbleu da equipa ambulante do MSF |
ABIDJAN, 8 Agosto 2006 (PlusNews) - A chegada dos antiretrovirais ao norte da Costa do Marfim, região sob controle dos rebeldes, está tendo um impacto dramático nas mortes relacionadas com a tuberculose.
“A situação era catastrófica mas o tratamento antiretroviral reduziu consideravelmente a taxa de mortalidade de doentes sob os nossos cuidados”, disse o Dr. Francis Coulibaly, chefe do departamento de pneumologia do Centro Hospitalar da Universidade de Bouaké, cidade onde se localiza o quartel-general do movimento rebelde “Novas Forças”.
“Cerca de 90 por cento dos pacientes de tuberculose neste hospital são seropositivos”, disse Coulibaly. “Antes de começarmos a cuidar deles, o meu departamento era um lugar onde as pessoas eram deixadas para morrer”.
O hospital recebeu os primeiros antiretrovirais (ARV) do programa nacional de Sida em Abril de 2005, três anos depois do conflito que dividiu o país em dois.
Os ARVs estão também a prolongar a vida dos doentes de TB na cidade de Danané, sob controlo dos rebeldes, junto à fronteira ocidental com a Libéria. O hospital, administrado pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), também começou a receber medicamentos contra a Sida no ano passado.
“Está claro que a TB está-se tornando um problema sério”, disse Howard Moore, médico da MSF, em Danané, onde se acredita que mais de metade dos pacientes no hospital são seropositivos. “Se queremos ser sucedidos na cura, teremos que tratar das duas infecções, o HIV e a TB, ao mesmo tempo”.
Explosão de casos de TB
Na Costa do Marfim, a TB tornou-se a principal causa de morte entre os pacientes seropositivos. Mais de 70 mil novos casos foram notificados em 2005 pelo Programa Nacional de Luta Contra a TB.
A TB e a co-infecção pelo HIV aceleram o progresso das duas doenças e encurtam consideravelmente a sobrevivência das pessoas seropositivas. A infecção pelo HIV é o mais potente factor de risco na conversão de TB latente em TB activo.
O tratamento de pessoas com as duas infecções é complicado. Aos pacientes de TB exige-se, muitas vezes, que tomem fortes antibióticos durante seis meses no tratamento sob observação directa (DOT), que requer a presença de pessoal de saúde na hora em que os comprimidos são tomados.
O grosso dos funcionários de saúde, no norte da Costa do Marfim, abandonou a zona quando o conflito deflagrou, aumentando as dificuldades enfrentadas por Coulibay e o seu pessoal remanescente.
“É difícil quando há guerra...mas a Costa do Marfim deve usar a estratégia DOT para garantir que o paciente não se torne resistente aos medicamentos contra a TB, por não tomar a medicação regularmente”.
Os pacientes devem visitar o hospital universitário de Bouaké, todas as quartas-feiras, tomar a sua medicação contra a TB na presença dos enfermeiros, e receber os comprimidos para uma semana, um sistema que Coulibaly reconhece não ser de inteira confiança.
“A estratégia DOT necessita de muitos funcionários de saúde, e nós temos problemas relacionados com o seguimento do tratamento. Os pacientes deitam fora os comprimidos, outros recusam-se a tomá-los, ou simplesmente não conseguem engoli-los devido ao seu estado de saúde”, disse o Dr. Louis Kakudji, coordenador-médico da equipa da MSF no hospital regional da cidade de Man, na região ocidental do país.
A MSF em Danané e Man usa equipas médicas ambulantes no acompanhamento de pacientes, para tentar reduzir a interrupção do tratamento, uma das principais causas de resistência à multi-medicação contra a TB, que já se tornou um grande problema de saúde pública.
“Neste estabelecimento, onde o HIV é a principal causa de hospitalização de adultos, 48 por cento dos pacientes abandonaram o tratamento”, disse Kakudji.
A estratégia DOT, normalmente, atinge uma taxa de cura de 95 por cento, após seis meses de tratamento, mas algumas formas de resistência à medicação contra a TB requerem uma extensiva quimioterapia por cerca de dois anos.
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Tema(s): (IRIN) Cuidados/Tratamento
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[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas] |
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