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BOTSWANA: Controlar a resistência aos ARVs através da boa aderência


Photo: IRIN
A segunda linha de antiretrovirais custa duas ou três vezes mais
GABORONE, 5 Julho 2006 (PlusNews) - O maior desafio do programa nacional de tratamento antiretroviral no Botswana é garantir que os pacientes mantenham o seu regime diário. Assim, evita-se o alastramento da resistência.

Os pacientes que falham tomar, nem que seja só cinco por cento, a sua medicação antiretroviral (ARV) podem desenvolver espécies resistentes do vírus, e precisar de mudar para uma segunda linha, que custa duas ou três vezes mais.

O Botswana foi o primeiro país africano a implementar um programa nacional a grande escala de ARVs. Quatro anos mais tarde, 85 por cento das pessoas que precisam de ARVs estão em tratamento, em clínicas públicas e privadas.

Quando, em 2002, o Botswana começou o tratamento, não se sabia se um programa do género podia ser bem sucedido fora do mundo desenvolvido - se as pessoas pobres perceberiam a importância de tomar uma complexa combinação de medicamentos diariamente para o resto da vida, ou se teriam alimentação adequada e transporte para as clínicas.

Boa aderência

Estas preocupações revelaram-se largamente infundadas. Num estudo, os pesquisadores do Instituto de Sida Botswana-Harvard descobriram que os pacientes demonstram até agora uma aderência melhor, ou pelo menos equivalente ao das suas contrapartes ocidentais.

"As pessoas aqui conhecem a importância de não falhar as doses", disse Hermann Bussmann, um dos pesquisadores.

O estudo compara a eficácia de duas estratégias de aderência: a abordagem da Agência Coordenadora Nacional da Sida do Botswana, junta os pacientes a um “companheiro” que os encoraja a tomar a medicação a tempo; e o tratamento sob observação directa (DOT), que já se usa com pacientes de tuberculose, em que os trabalhadores da saúde comunitária supervisionam os pacientes enquanto tomam a sua medicação.

Os resultados não estarão disponíveis, pelo menos durante um ano, mas segundo a Dra. Ava Avalos somente quatro por cento dos 14 mil pacientes na sua clínica tiveram que mudar para regimes de segunda ou terceira linha. Avalos trabalha na Clínica de Cuidados de Doenças Infecciosas, no Hospital Princess Marina, em Gaborone.

"Estamos a ter melhores resultados do que qualquer um teria pensado", disse Avalos. "Nós bombardeamos os pacientes com informação e serviços de aconselhamento para a aderência".

Ainda não existem dados sobre aderência noutras clínicas no país ou no continente.

Segunda linha é cara

Segundo o Dr. Jos Perriens, do Serviço de Medicamentos e Diagnóstico da Sida, da Organização Mundial da Saúde (OMS), os medicamentos de segunda linha representaram, no ano passado, apenas 1.5 por cento do total de consecução de ARVs por países de baixo e médio rendimento.

Isto não reflecte necessariamente a real incidência da falha de tratamento, acrescentou. Pode resultar da incapacidade financeira para adquirir os ARVs de segunda linha.

A ONG Médicos Sem Fronteiras advertiu que se os fabricantes de medicamentos não baixarem o preço dos ARVS de segunda linha, poderá ocorrer uma crise quando, dentro de alguns anos, um grande número de pacientes começar a desenvolver resistência.

Avalos admitiu que o acesso a medicamentos de segunda ou mesmo de terceira linha não é problema no Botswana, porque o governo tem dinheiro e apoio da Fundação Bill e Melinda Gates e da companhia Merck Pharmaceuticals.

O Botswana está a conceber um protocolo nacional para gerir falhas de medicação de primeira linha.

A única indicação confiável para saber se o paciente tem mutações resistentes do vírus é a monitoria da carga viral, que mede a quantidade de vírus no sistema imunológico. Um paciente com resistência aos medicamentos pode parecer saudável e ter uma contagem normal de CD4, que mede a força do sistema imunológico, explicou Avalos.

Avalos predisse que monitorar a resistência aos medicamentos será "o maior desafio" nos países africanos sem capacidade para testes frequentes de carga viral.

Factores de aderência

Um novo estudo em vários países, financiado pela farmacêutica GlaxoSmithKline, o Departamento Britânico para o Desenvolvimento Internacional e a iniciativa de Tratamento antiretroviral em Países de Baixo Rendimento (ART-LINC), analisa os factores que afectam a aderência nos países pobres.

Esta pesquisa vai incluir questões sobre a crença religiosa dos pacientes, uso de medicamentos tradicionais, o quanto se preocupam sobre o estigma, se eles são os ganha-pão nas suas famílias e sobre o uso do álcool.

Num pequeno estudo piloto na “Princess Marina”, no ano passado, a pesquisadora Sara Nam, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, concluiu que os maiores factores para a aderência não eram socioeconómicos, mas psicológicos e emocionais, semelhantes aos dos pacientes nos países desenvolvidos: o grau de aceitação da seropositividade, o apoio que receberam de pessoas próximas e a fé nos seus médicos e medicamentos

A fraca aderência é a maior, mas não a única causa de resistência aos medicamentos. Alguns pacientes de Avalos, particularmente mulheres com dificuldades de negociar o uso do preservativo, contraem espécies do vírus resistentes por manterem sexo desprotegido com parceiros seropositivos.

A resistência aos medicamentos está a aumentar nos países onde os programas governamentais de ARVs são fracos. As pessoas compram no sector privado e interrompem o tratamento quando não têm dinheiro. Os pacientes mudam para a medicação gratuita, quando esta se torna disponível, sem informar aos seus médicos sobre os ARVs que tomavam anteriormente.

Perriens, da OMS, aponta que apenas 20 por cento das pessoas que necessitam de tratamento nos países em desenvolvimento estão a recebê-lo.

"A nossa preocupação sobre os medicamentos de segunda linha não deve absorver as energias que precisamos para garantir que as pessoas tenham a sua primeira chance de sobrevivência, que é o tratamento de primeira linha", disse.


Tema(s): (IRIN) Cuidados/Tratamento, (IRIN) Pesquisa

[FIM]

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