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SERRA LEOA: Militares têm outro inimigo


Photo: Victoria Averill/IRIN
"Militar inteligente usa camisinha", é o lema da campanha
FREETOWN, 17 Maio 2006 (PlusNews) - Os militares aplaudiram quando um trio de cantores, em uniforme de combate, cantou "faça o teste e aconselhamento voluntário confidencial". Os acompanhantes, em cetim roxo, faziam o coro, num palco decorado de cartazes publicitando preservativos.

Uma campanha pioneira de informação, melhores serviços de saúde, e apoio das esposas dos militares ajudam as forças armadas da Serra Leoa a combater o HIV/SIDA.

O concerto, "Pronto para o combate", no mês passado, na capital, Freetown, foi o último de uma digressão nacional de um mês pelos quartéis e brigadas, realizada por um grupo de militares músicos determinados a despertar a consciência sobre o HIV/SIDA no exército.

"Tenho visto todos os dias como o HIV/SIDA mata comandantes e soldados", disse um dos cantores, o Capitão Penn-Trinity, no exército há 14 anos.

"Muitos soldados morreram durante a nossa guerra, temos que fazer tudo para refrear a pandemia", disse.

Neste pequeno país da África ocidental, acabado de sair de uma década de guerra civil, um estudo, baseado no censo populacional de 2005, estima em 1,5 por cento a taxa média de seroprevalência.

Embora sem números oficiais da seroprevalência no seio das forças de defesa e segurança, calcula-se que seja três a cinco vezes mais alta do que no resto da população, disse James Samba, coordenador do HIV/SIDA no exército.

Samba disse que, em 1995, quando trabalhava no Hospital Militar de Wilberforce, em Freetown, no pico da guerra, notou um número alarmante de combatentes com sintomas semelhantes, incluindo diarreia, perda de peso e febre. Começou a suspeitar HIV.

“Quando fizemos um estudo de todos os combatentes hospitalizados, encontrámos que quase 80 por cento tinham SIDA", disse.

Entre forças de paz da ONU, exército regular, defesa civil e rebeldes da Frente Unida Revolucionária, dezenas de milhares de soldados encontravam-se na Serra Leoa durante a guerra civil de 1991-2002, em que a violação e exploração sexual eram generalizadas.

Serviço pioneiro no sector público

Os militares são sempre um grupo de alto risco, disse o coordenador do ONUSIDA na Serra Leoa, Leopold Zekeng, porque são, na sua maioria, jovens, sexualmente activos, em risco, e têm salário.

“Num país como a Serra Leoa isso conta muito, os militares naturalmente atraem as mulheres", disse Zekeng.

Quando o exército lançou a sua campanha de HIV/SIDA, em 2002, o foco era a consciencialização, uma vez que muitos soldados não admitiam que o vírus existe.

Agora a mensagem começa a entrar e 50 conselheiros, enfermeiras, médicos e educadores de pares foram treinados para sensibilizar, disse Abdul-Rahman Sessay, coordenador de ministérios no Secretariado Nacional da SIDA.

Segundo Sessay, “mais de 90 por cento dos militares agora estão conscientes da doença e (a campanha) ajudou a reduzir gradualmente o estigma."

O exército da Serra Leoa foi o primeiro grupo do sector público a estabelecer uma política de HIV/SIDA no local de trabalho. Ninguém deve ser expulso por ser seropositivo e os medicamentos antiretrovirais são gratuitos.

O exército disse que a política encorajou mais militares a testarem sem receio de serem expulsos.

"Movimentamos soldados para outras actividades ou lugares para permitir que tenham tratamento, mas ninguém perdeu emprego por causa do seu estado", confirmou Samba.

Militares, famílias e comunidades

No Centro de Aconselhamento e Testagem Voluntária Confidencial do quartel de Wilberforce, a Major Nellie Forde, com um modelo de pénis, demonstra, a um jovem recruta, a colocação do preservativo.

"Quando abrimos o Centro, as pessoas estavam receosas de vir aqui", disse Forde. Hoje, uma média de cinco pessoas vem diariamente.

O Centro também faz testes gratuitos a civis na comunidade circunvizinha, o que melhora as relações entre civis e militares.

Mais três centros deverão ser abertos nas cidades de Bo, Makeni, e Kenema para militares estacionados nas áreas mais remotas.

Uma associação de pessoas vivendo com SIDA foi criada por 26 militares e famílias infectadas ou afectados. Mas a reunião semanal é realizada rigorosamente à porta fechada, disse Forde.

"As pessoas não costumam abrir-se sobre o seu estado. Temos algumas histórias de sucesso, como uma criança saudável de dois anos de mãe seropositiva, e 17 soldados a tomarem antiretrovirais", disse a Major.

Papel das esposas

As forças armadas estão a perceber o papel vital que as esposas dos militares podem desempenhar na sensibilização.

"Quando começámos com os shows de rua, as esposas recusavam que os seus maridos aceitassem os preservativos", disse Samba. "Diziam que isso era uma via para a promiscuidade. Trouxemo-las ao programa e formámo-las.”

Sarah Conteh é a chefe "Rainha-Mãe", no quartel de Wilberforce, onde vivem 2.000 soldados e suas famílias. Representa as mulheres no quartel, que a elegeram, e foi formada para educar sobre o HIV/SIDA.

“As pessoas sentem que podem contar a mim os seus problemas, e estou em boa posição para encoraja-las a terem preservativos ou a serem fiéis aos seus maridos e esposas", disse Conteh.

Uma das suas funções é vender preservativos aos militares e suas esposas.

"Faço demonstrações para as mulheres, tanto de preservativos femininos como os masculinos. O estoque sempre esgota", acrescentou.

A abordagem pioneira do exército da Serra Leoa ganhou elogio internacional.

"Os serviços de uniforme reconheceram que havia problema e começaram a enfrentá-lo", disse Zakeng.

Mas rapidamente advertiu que ainda há, na Serra Leoa, todos os ingredientes para uma explosão da epidemia: comportamento sexual de alto risco, baixo nível de conhecimento, altas taxas de analfabetismo e pouco uso do preservativo.


Tema(s): (IRIN) Prevenção

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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