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CABO VERDE: Ajuda chinesa no uso da camisinha


Photo: Alex Alper/IRIN
Shen foi um dos comerciantes chineses que concordou em vender camisinhas em sua loja
DAKAR, 19 Fevereiro 2009 (PlusNews) - Às vezes conhecimento só não chega.

Segundo um uma pesquisa do governo em 2006, apesar da maioria dos jovens sexualmente activos em Cabo Verde saber onde arranjar preservativos grátis, mais de 30 por cento não os está a usar. Os voluntários da Peace Corps norte-americana em parceria com uma ONG local recrutaram pessoas suficientemente próximas dos jovens para lhes vender preservativos, mas suficientemente distantes para não falarem acerca da das suas compras de preservativos: proprietários de lojas chineses.

Numa recente pesquisa de nível nacional conduzida pelos voluntários, 25 por cento dos 424 jovens questionados responderam que não pegam nos preservativos porque se sentem "envergonhados". O pesquisador Alex Alper disse que a sua equipa tinha esperança que a solução estivesse ali ao virar da esquina – nas lojas de proprietários chineses da vizinhança.

Alper disse que estas lojas oferecem mais anonimato do que os centros de saúde públicos que dispensam preservativos de graça. "A comunidade chinesa em Cabo Verde tem relações puramente comerciais com as pessoas locais. As suas lojas estão por todo o lado, mas os chineses estão separados socialmente."

Quando a população chinesa começou a aumentar em finais dos anos 90, pesquisadores documentaram um aumento das suas pequenas lojas que vendem produtos importados baratos, maioritariamente nas ilhas de Santiago e São Vicente.

Segundo a embaixada chinesa em Cabo Verde, existem até hoje aproximadamente 300 lojas de proprietários chineses. Oficiais da embaixada disseram que mais de metade dos 1.500 chineses residentes nas ilhas trabalham em pequenos negócios.

Aceitação chinesa

Os pesquisadores do projecto-piloto de quatro meses contaram 15 lojas de proprietários chineses na cidade da Ribeira Grande – população de 20 mil – na ilha de Santo Antão. A comunidade foi escolhida porque 69 dos 117 jovens entrevistados eram a favor da venda de preservativos nas lojas chinesas, e apenas 31 eram contra esta ideia.

Um terço dos jovens entrevistados a nível nacional que se opuseram à ideia, apontaram a "má qualidade dos produtos chineses" como a razão.

Os organizadores pensaram que o maior desafio seria convencer as jovens da qualidade dos preservativos e convencê-los a pagá-los, quando eles são grátis nos centros de saúde estatais, disse Alper, da Peace Corps. Segundo o governo, mais de seis mil preservativos são distribuídos todos os meses em centros de saúde na Ribeira Grande.

Mas foram os proprietários de lojas chineses que precisaram de ser convencidos primeiro.

"Primeiro, mandamos-lhes cartas em português com os argumentos a favor da venda de preservativos. Não houve resposta. Depois, uma tradução da carta em chinês. Continuamos sem resposta, " disse Alper. "A organização [local] sem fins lucrativos VerdeFam organizou uma formação. Ninguém participou. Por fim, fomos de porta em porta para os convencer [os donos das lojas] que esta era uma boa decisão de negócio."

Sete proprietários concordaram. Segundo Alper, eles ficam com metade do valor da venda, enquanto que a VerdeFam recebe US$ 0,05 por cada venda.

O comerciante Qing Guo Shen, 30, disse que no princípio estava indeciso porque não se queria comprometer a abastecer-se de preservativos se tivesse que adiantar o pagamento dos mesmos e enfrentar o risco de não os conseguir vender.


Photo: Alex Alper/IRIN
Camisinha? Aqui tem
Mas desde 20 de Janeiro, Shen adicionou pacotes de três preservativos subsidiados a US$ 0,10 ao seu inventário, ao lado de chinelos e lápis, brinquedos e vestidos de verão importados. Quando lhe perguntaram porque mudou de opinião, respondeu: "Queria ajudar alguém."

Alper disse que os proprietários reagiram favoravelmente quando perceberam que podiam devolver os preservativos que não vendessem a qualquer altura e sem qualquer penalidade.

Risco

Cabo Verde tinha uma taxa de infecção de HIV de menos de um por cento em Dezembro de 2007, mas o director da Comissão de Coordenação Nacional para o Combate ao SIDA acredita que as infecções estejam a aumentar.

"Colocamos muita ênfase na prevenção para mantermos a taxa de infecção baixa. Mas somos um país que se está a tornar cada vez mais aberto," disse o secretário executivo da comissão José António Dos Reis. "Estamos no centro do turismo, imigração e comportamentos de risco."

O director da comissão observou um elevado número de habitantes da ilha a reportar parceiros sexuais múltiplos – 40 por cento de mulheres e 69 por cento de homens – baseado num estudo do governo de 2005.

Alper disse que ainda é muito cedo para saber qual, se algum, o impacto que preservativos disponíveis em lojinhas de esquina terão no seu uso. "Não sei se as pessoas valorizam a privacidade o suficiente para pagar por preservativos. E embora as lojas chinesas ofereçam relativamente mais anonimato do que os centros de saúde, ainda existem cabo-verdianos que trabalham nestas lojas."

Para o proprietário Shen, ainda é muito cedo para saber se o artigo mais recente na sua loja será rentável. "Para já, só homens compraram os preservativos. As vendas variam durante a semana. Vamos esperar para ver."

pt/np/mg/ll


Tema(s): (IRIN) Prevenção

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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