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ÁFRICA DO SUL: Testes rápidos de HIV não são infalíveis


Photo: Julius Mwelu/IRIN
Teste de HIV negativo
JOHANNESBURG, 21 Outubro 2008 (PlusNews) - A confiabilidade do diagnóstico obtido através do teste da gota espessa (o popular fura-dedo) foi questionada quando uma marca de testes rápidos do HIV utilizados em centros de testagem públicos de duas províncias sul-africanas foi retirada do mercado.

Um jornal local relatou em final de Setembro que mais de meio milhão de kits do teste Wondfo Rapid One Step Test, produzidos na China e distribuídos por FutureMed Pharmaceuticals, foram retirados do mercado em Julho por serem defeituosos.

O desenvolvimento de testes rápidos do HIV, que fornecem o resultado em menos de 30 minutos e podem ser efectuados com pouco equipamento e treinamento mínimo, aumentou tanto a acessibilidade da testagem quanto o número de pessoas testadas.

Miriam Mhazo, directora superior da New Start, organização sem fins lucrativos que fornece serviços de aconselhamento e testagem voluntária no país todo, disse que antes da organização começar a usar os testes rápidos em 2004, os clientes tinham que esperar oito dias para receber seus resultados, e “cerca de 30 por cento não voltavam.”

Mas certos estudos recentes revelaram problemas de eficiência de certas marcas de testes rápidos, e de erros de manipulação em centros de saúde públicos sobrecarregados onde eram usados.

Falha humana

Um estudo efectuado em 12 centros que fornecem serviços de prevenção da transmissão de mãe para filho (PTV) na província de KwaZulu-Natal avaliou testes rápidos efectuados em 961 mulheres.

“Foram relatados falsos positivos isolados com testes rápidos em KwaZulu-Natal”, disse a pesquisadora principal do estudo, Dhayendre Moodley, da Unidade de Pesquisa sobre a Saúde da Mulher e HIV da Universidade de KwaZulu-Natal.

“Surpreendentemente, a maioria destes testes foi aprovada pela agência reguladora de produtos alimentícios e farmacêuticos nos EUA (Food and Drug Administration, em inglês) e também avaliados e aprovados pelos Serviços Nacionais de Laboratório, antes de serem usados no sector público de saúde. Nós decidimos então determinar se os erros são devidos ao teste ou à sua utilização.”

''Precisamos ser mais selectivos quanto aos tipos de testes que usamos.''
Quatro marcas diferentes de testes rápidos foram avaliadas e os resultados obtidos por enfermeiros e conselheiros foram comparados aos resultados obtidos por técnicos de laboratório. A precisão foi determinada pela “concordância”: se dois testes fornecem o mesmo resultado para o mesmo indivíduo.

O estudo mostrou que enquanto os técnicos de laboratório obtiveram uma concordância de 100 por cento, os enfermeiros e conselheiros só obtiveram uma concordância de 92 a 98 por cento.

Embora kits de certas marcas fossem um pouco mais sensíveis que outros, todos respeitavam os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde quando efectuados em laboratório.

Os pesquisadores concluíram que somente erros de manipulação, como o uso de um volume inadequado de agente activador, poderiam explicar por quê os testes forneciam resultados menos confiáveis quando efectuados por enfermeiros ou conselheiros. Outros problemas poderiam incluir uma interpretação incorrecta dos resultados ou erro na identificação das amostras ou dos testes.

“Com qualquer tipo de teste de laboratório, deve-se respeitar rigorosamente as instruções do fabricante”, comentou Moodley. “No caso destes testes, as instruções são claras e simples, e se as pessoas recebem treinamento para utilizar o método, não deveria haver problema algum.”

Em um artigo publicado no número de Setembro do Jornal Médico Sul-Africano (SAMJ, em inglês), Moodley e seus colegas recomendaram um melhor treinamento e supervisão dos trabalhadores da saúde que efectuam os testes rápidos do HIV, e um sistema que garanta um controle de qualidade.

Ela notou que embora existam directrizes para que os resultados dos testes rápidos sejam regularmente comparados a resultados obtidos através de testes de laboratório mais sofisticados, elas nem sempre estavam a ser seguidas em todos os centros de saúde.

Consequências devastadoras

As consequências do anúncio de um resultado incorrecto do teste do HIV são potencialmente devastadoras. Uma pessoa que recebe um resultado falso-negativo pode, sem saber, infectar outras pessoas, além de perder a oportunidade de receber tratamento, enquanto resultados falsamente positivos podem levar a “traumas físicos graves provocados pelos parceiros, abandono e suicídio”, lê-se no artigo do SAMJ.

Moodley lembrou de alguns casos isolados de pacientes que tinham participado de estudos médicos porque tinham recebido um resultado positivo em um centro de saúde público, para descobrir o resultado negativo do teste efectuado em laboratório.

Outro estudo recente, também conduzido em KwaZulu-Natal, testou quatro tipos diferentes de testes rápidos do HIV e mostrou que estes eram menos confiáveis do que os produtores diziam: dos 751 pacientes cujos resultados foram negativos ou que tinham resultados discordantes, 19 eram seropositivos.

Os autores concluíram que os testes rápidos poderiam levar a “um grande número de resultados negativos” em uma região de alta prevalência como a África do Sul.

“Os testes rápidos são bem-vindos, quando se conhece a limitação em relação aos laboratórios que o país enfrenta, além dos benefícios da obtenção imediata do resultado”, disse Moodley. “Mas acho que precisamos ser mais selectivos quanto aos tipos de testes rápidos que usamos, e que esta selecção deve ser feita com base numa avaliação anterior no terreno, além de uma avaliação de laboratório.”

ks/he/dl/ll


Tema(s): (IRIN) Cuidados/Tratamento, (IRIN) Prevenção

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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