MOÇAMBIQUE: Luzes, câmera, ação! A Sida invade o cinema

Photo: Zanzibar International Film Festival  |
Cena de Destorcido, um dos filmes premiados no Festival Internacional de Cinema em Zanzibar, na Tanzânia |
JOHANNESBURG, 3 Agosto 2007 (PlusNews) - Kátia, uma médica recém-formada, insiste em fazer o teste de HIV antes do casamento, mas seu futuro marido, Roberto, só aceita depois de muita relutância.
Roberto, na verdade, é ignorante quanto à problemática da Sida e propõe implementar em sua empresa um plano secreto de despedir todos os seropositivos.
O que ele não esperava, no entanto, é que esse mesmo plano se voltaria contra ele, quando o resultado de seu teste volta positivo.
Esta é a trama de Destorcido, um filme educativo feito por activistas da Universidade Eduardo Mondlane e que ocupou o sétimo lugar entre os 14 melhores no festival internacional de filme de Zanzibar, na Tanzânia, em Julho.
“É preciso mostrar cenas que mexem com a comunidade”, disse Bert Sonnenschein, produtor do filme.
Para ele, “às vezes ocorrem mudanças de atitudes depois de uma pessoa sair de uma sala de cinema ou de ver um filme na televisão.”
Por isso, o Instituto de Comunicação para o Desenvolvimento de Saúde, mais conhecido como Soul City, e que actua na África Austral, está estudando o impacto da Sida nas comunidades locais de Moçambique através do N’weti, um programa de comunicação para saúde.
N´weti significa lua no dialecto tsonga, falado no sul de Moçambique.
Pretende-se com esta pesquisa produzir brochuras, rádio-novelas, filmes e documentários para informar sobre o HIV.
“As pessoas percebem melhor o impacto da Sida na vida social quando as verdades da sua convivência são reflectidas numa rádio-novela, num filme ou numa revista”, disse a Gestora do Programa N'weti em Moçambique, Denise Namburete.
Esta iniciativa se estende a nove países da África Austral onde o Soul City actua.
É preciso mostrar
cenas que mexem com a comunidade. |
Mulheres dominantes
Um estudo do Soul City que abordou a ligação da violência doméstica com a infecção do HIV será base para um novo filme, a ser rodado em Moçambique ainda este ano.
Na trama, mulheres fortes e bonitas que vivem numa ilha cheia de riquezas, como petróleo e ouro, tomam a posição dos homens em seus lares graças a uma droga que os enfeitiça.
Ao contrário do que acontece na sociedade, este filme coloca o homem como vítima e a mulher como opressora. A história acaba servindo como um espelho para eles, em especial no que se refere ao comportamento sexual.
O filme mostra os homens sem poder na negociação do uso da camisinha, enquanto as mulheres têm vários parceiros e fazem os homens praticar sexo forçado, não lubrificado e sem protecção.
“Queremos entreter e ao mesmo tempo deixar mensagens sobre a Sida de maneira que o homem e a mulher assistam em igualdade”, disse Sonnenschein, produtor do roteiro.
Namburete acredita que esta idéia levará os homens violentos a questionar suas atitudes e a reflectir sobre seus comportamentos.
Ainda sem título definido, este filme deverá ficar pronto em Outubro e a estréia está prevista para Fevereiro do próximo ano.
Além de Moçambique, outros filmes sobre a Sida também estão a ser produzidos em Botswana, África do Sul, Lesoto, Malawi, Namíbia, Suazilândia, Zâmbia e Zimbabwe.
Eles serão exibidos em séries televisivas em 14 canais destes países.
ac/lb/ms
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