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MOÇAMBIQUE: A Sida vista através das lentes das câmeras


Photo: Paola Rolleta/PlusNews
Da vida real para a telona
MAPUTO, 21 Setembro 2007 (PlusNews) - As lentes das câmeras têm o poder de captar as várias facetas do HIV.

A segunda edição do Festival do Filme Documentário Dockanema, realizada na capital moçambicana entre 13 e 24 de Setembro, trouxe alguns desses ângulos em dois documentários sobre a Sida, que integraram uma programação de 83 filmes internacionais.

Com 30 minutos, Growing Stronger, traduzido para o português como Mulheres de Força, entrelaça duas histórias: a de Tendayi Westerhof, modelo e ex-mulher do técnico da selecção nacional de futebol do Zimbabwe Clemens Westerhof, que se assume seropositiva em 2002; e a de Pamela Kanjenzana, uma mulher comum seropositiva num dos povoados no subúrbio de Harare.

A directora do filme é Tsitsi Damgarembga, conhecida escritora zimbabweana e autora da popular novela autobiográfica Nervous Conditions.

O filme Ayelapheki (Não há cura, em língua ndebele, do Zimbabwe), do costa-riquenho Marcos Villalta Pucci, compila o trabalho de vários grupos culturais e artísticos no Malawi, Moçambique e Zimbabwe na luta contra o HIV. Eles utilizam dança, música tradicional, teatro, rap e hip-hop para informar sobre prevenção.

Empatia, não simpatia

O público compareceu em massa não apenas aos documentários, mas também ao debate público sobre preconceito, organizado num hotel em Maputo após a apresentação de Growing Stronger.

“Não é fácil para uma mulher falar, sobretudo de HIV/Sida. Se um homem assume publicamente sua seropositividade, a sociedade aceita mais facilmente”, disse Westerhof . “O estigma ainda é forte, apesar da legislação e das campanhas contra a discriminação.”

Segundo ela, a decisão de vir a público foi movida pela necessidade de ganhar não a simpatia, mas a empatia das pessoas. “É necessário criar um ambiente que apóie as pessoas porque todos são possíveis candidatos do HIV”, declarou.

Depois de ter escrito Unlucky in Love, em 2003, Westerhof acaba de lançar seu segundo livro, Dear Cousin, (Querido primo, em português) onde destaca que o HIV pode ser uma chance para fortalecer as mulheres.

“A educação ainda é muito baixa entre nós, mulheres africanas. Temos que fortalecer os programas de educação em saúde e reprodução sexual para tomarmos a decisão certa. A questão do preservativo feminino, por exemplo, deve ser mais desenvolvida”, explicou.

Ela continuou: “A mulher deve ter o poder para negociar, para se proteger do HIV, da gravidez indesejada e de outras doenças sexualmente transmissíveis.”

Apoio da media

Durante o debate, a ex-modelo, que fundou em 2003 o Fundo de Personalidades Públicas contra a Sida (Public Personalities Against Aids Trust, em inglês), apelou à imprensa para desenvolver assuntos ligados ao HIV.

“Os media devem estar do lado das pessoas. Devem ajudar a criar um ambiente propício para quem quiser revelar livremente e sem discriminação sua seropositividade”, disse Tendayi.

''É necessário criar um ambiente que apoie as pessoas porque todos são possíveis candidatos do HIV.''
Para o músico moçambicano Stewart Sukuma, seu país ainda vive numa mentalidade mesquinha. “Um país onde a imprensa se preocupa com a notícia de Michael Jackson ter perdido o anel numa rua de Nova York, mas não se preocupa com os problemas reais do país, é muito pobre”, afirmou.

Sukuma é um dos artistas moçambicanos activo nas campanhas contra a epidemia, com um CD gravado com canções sobre a Sida. Ele foi vítima do rumor – falso – de que era seropositivo em 1999, quando regressou dos Estados Unidos por não ter conseguido uma bolsa de estudos.

“Nenhum jornalista me perguntou directamente”, contou. “Não sou seropositivo, mas este não é o ponto. Vivemos num país com alta taxa de seroprevalência, em que os dirigentes dizem que estão empenhados contra o HIV/Sida, mas até hoje nenhum deles deu a cara.”

Ana Maria Muhai, activista do programa DREAM, disse que o preconceito ainda é o principal obstáculo ao tratamento, pois cria um círculo vicioso de doença e discriminação.

“O que mata verdadeiramente não é o HIV, mas o estigma”, disse.

Westerhof afirma que sua história e a de Muhai têm muito em comum, no tratamento e na esperança: “Ana Maria e eu somos exemplos vivos de que os ARVs são fundamentais. Ela perdeu peso, mas com o apoio da família, da comunidade e o tratamento está agora ajudando outras pessoas. Estas são as mensagens que devemos passar.”

(pr/ll/ms)


Tema(s): (IRIN) Artes/Cultura, (IRIN) Estigma/Direitos Humanos/Leis

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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