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MOÇAMBIQUE: A borrachinha rebentou e engravidei. Sou seropositiva.


Photo: Massimo Mastronilo
Doía o pensamento de não poder ter um filho com o meu marido
MAPUTO, 26 Abril 2007 (PlusNews) - Sou uma jovem mulher de 26 anos. O meu nome é Olívia, mas queria ser conhecida como Esperança, porque aprendi que não existe nenhuma palavra sem significado.

Sou activista no programa DREAM, na Machava. Depois ter perdido a esperança de viver, eis-me a ajudar os outros a viver. Sou uma mulher seropositiva e às vezes sinto-me culpada por isso.

Desde que soube de ser seropositiva, tenho sempre mantido relações sexuais protegidas. Mas aprendi, na minha própria pele, que a única maneira segura de protecção é a abstenção.

Dois anos depois de saber que sou HIV positiva, fiquei grávida. Estava certa que nunca iria a acontecer porque sempre usamos o preservativo. Mas daquela vez rompeu-se! Fiquei desesperada pois sabia que engravidar é arriscado, no meu estado.

Falei com o meu marido. Ele também é seropositivo. Disse-lhe que o ciclo menstrual não tinha aparecido durante aquele mês. Aconselhou-me a fazer o teste de gravidez. Acusou positivo. E agora?

Contei o que se passava comigo a uma amiga. A primeira reacção dela foi de me aconselhar o aborto. Mas o meu marido disse-me: “O importante é ter fé em Deus e deixar o nené vir ao mundo.” Eu também acreditava que seria melhor assim. Claro que não foi uma decisão fácil. Mas também doía o pensamento de não poder ter um filho com o meu marido: seria uma alegria para a nossa união!

É verdade que já temos três filhos: dois do meu marido, e um meu. Para já só o meu filho, que agora tem 11 anos, vive connosco. Estamos ainda a construir a nossa casa e quando estiver acabada também as duas meninas irão viver connosco. Agora vivem com a avó delas, mas passam as férias connosco.

Nomes para o bebé

O tempo foi passando e a barriga começou a ser visível. E aí comecei a sentir o que uma mulher seropositiva e grávida sente. As pessoas mais próximas de mim, isto é, colegas e pacientes, ficaram muito curiosas em saber como podia ter ficado grávida.

Elas disseram-me que não podia dar apoio a ninguém pelo facto de ser um exemplo de quem não usa o preservativo! Eu bem sei que não é verdade, mas no início foi muito difícil fazer compreender aos outros!

Continuo a tomar os antiretrovirais como antes. Eu soube de ser seropositiva em 2003. No dia seguinte já tomava antiretrovirais porque os meus CD4 eram muito baixos.

Confesso que estar grávida sendo seropositiva é como se o tempo tivesse voltado para o momento em que fiquei a saber que estava infectada pelo HIV, pois a discriminação daqueles que sabem da minha situação é igual.

Neste momento me encontro no centro de prevenção vertical na Matola II. Aqui sim tenho recebido muito apoio dos médicos. Eles explicaram que é possível ter um filho são, se seguir bem o tratamento.

É justamente esse apoio que me ajuda a seguir em frente. Estou quase a completar o nono mês de gravidez e espero que tudo corra bem. Quero ser testemunho concreto sobre a terapia de prevenção vertical. Se o meu bebé for menino terá o nome do pai, Issufo, se for uma menina será Letícia.


Tema(s): (IRIN) PVHS/ONGs, (IRIN) Estigma/Direitos Humanos/Leis

[FIM]

[Este boletim não reflecte necessariamente as opiniões das Nações Unidas]
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